A morte nos coloca diante da fragilidade de nossa condição humana. Somos mortais. Como em tudo na natureza, cumprimos os ciclos da vida: nascemos, crescemos e deixamos de existir um dia. Mas é difícil aceitar esse fato, principalmente quando for um filho. Neste ano as mães da Praça de Maio, lembraram os trinta e três anos de luta, na busca de seus filhos desaparecidos, na violenta ditadura Argentina. Todas as quintas-feiras, elas tem encontro marcado em frente à Casa Rosada, sede do governo e dão início a caminhada em volta da praça em silêncio, como forma de denunciar os desaparecimentos. O governo já ofereceu uma indenização, mas elas recusaram, pois negam reconhecer a morte. Na Praça da Sé, no centro de São Paulo, um grupo de mães leva cartazes com fotos de seus filhos desaparecidos, na esperança de que alguém que esteja de passagem possa ajudá-las com notícias sobre o paradeiro deles, que segundo os números extra-oficiais seriam em torno de dez mil desaparecidos anualmente envolvendo crianças e adolescentes. Em Pelotas um grupo intitulado as Mães do Crack, se reúnem para encontrar soluções para o problema, que estão vivendo com o vício de seus filhos. Em nossas cidades mães padecem pelo mesmo mal, acorrentam seus filhos durante as crises de abstinência, para que eles não roubem, nem quebrem os pertences da casa, e se afastem momentaneamente do vício da morte. O temor pela vida dos filhos é o motivo que leva estas mães a pagar as dívidas contraídas por eles com os traficantes na esperança de protegê-los. A morte de um filho deixa uma dor eterna! E nenhuma mãe deveria sofrer com esta dor. Com o poema, Para Sempre, de Carlos Drummond de Andrade concluo esta crônica pedindo a Deus que não permita que a minha mãe e as outras mães deste mundo nos deixem. Elas nos são imprescindíveis. “Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora será pequenino feito grão de milho”. Apesar de que alguns mereçam virar fubá! Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
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