- É aquela que coloca as calçolas no varalzinho da janela. Coisa de pobre! - Não me lembro! - Ela é a mulher daquele grandão careca que trabalhou na fábrica das tintas, lá no triângulo e hoje tá sempre no Bar da Olga tomando uns tragos. - O que puxa perna? - Não, este não bebe, só joga sinuca. - Lembra o nome dela? - Não era Geralda? - Não! Ela é mãe da galinhazinha, que anda de barriga de fora e tem a tatuagem na anca o nome Jack Daniel’s e na nuca Old Eight, tá sempre chegando tarde da noite em casa com um cara diferente. Eu não cuido a vida dela, mas não sou burra. - Lembra o nome dela? - Da mãe ou da filha? - Deixa pra lá. - Ela tem um guri meio louco, que tá sempre com uma bola em baixo do braço e agora joga bafo. - Bafo? - Que nojo! Bafo de xis de cebola com ovo e fanta uva na cara dos outros. Não dão educação. - Tu não entendeste. - É o tal jogo do bafo, no qual os guris juntam as figurinhas dos jogadores da seleção e de cabeça para baixo numa pilha e tentam desvirar as figuras batendo com a mão em cima da pilha. Quem virar leva. - Por falar em seleção, tu viste que Dunga não vai levar: o Ronaldinho, Neymar, Ganso, Victor... - Não quero nem ver! - Lembrei o nome da vizinha, Dona Esperançosa. Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
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