Hoje em dia “O dia que o Santo pecou” é um filme de Benedito Ruy Barbosa, que conta uma bela estória de amor. Mas conforme o depoimento dos mais antigos, o crime realmente aconteceu. O pescador de apelido João Baleia era muito violento e teria sido morto em frente à igreja. Como ninguém teria coragem de cometer o assassinato atribuiu-se ao Padroeiro São Sebastião a autoria do crime. A vítima quando bebia passava em frente à igreja e insultava com palavrões a imagem do Santo. O Padre já havia advertido João Baleia que o ato era uma heresia, mas o pescador não perdia o costume. Por isso chegou-se ao desfecho do caso: São Sebastião cansado de ser insultado deu cabo de João Baleia. O Delegado da época lavrou o Boletim de Ocorrência e apresentou denúncia ao Ministério Público, que originou o Processo Crime. O Juiz de outrora era indicado, sem precisar ter conhecimento jurídico e morava fora de São Sebastião, vinha uma vez por semana para julgar os processos que acumulavam até o dia do julgamento. O julgamento contra o Santo durou dois dias, culminando com a condenação do réu a cinco anos de reclusão em regime fechado. A imagem do Santo foi para a cadeia e só saía na procissão do dia 20 de janeiro, escoltada por policiais e com o devido Alvará de Soltura. O Processo Crime não encontra-se no Fórum de São Sebastião, contam que um Juiz que por aqui esteve ao dar vistas ao Processo, achou interessante e o levou para si, apagou um marco da história que acabou virando lenda.
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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