O menino chega alvoroçado em casa. Larga os livros em um canto qualquer. Grita pela mãe, vai encontrá-la na cozinha preparando o almoço. Traz nas mãos um papel amarrotado, onde, orgulhoso, exibe um “A+”. - Mamãe, padre José disse que vou ser um grande escritor! A mãe balança a cabeça, afaga os cabelos do filho, diz: - Menino, isso não dá futuro a ninguém... O menino murcha, estava gostando da ideia de ser escritor. Quem sabe até seria famoso? Lembrou do avô, que fora amigo de Monteiro Lobato. Sim! O avô! A mãe só entendia de novelas... chegou tímido ao quartinho dos fundos. - Vovô, verdade que ser escritor não tem futuro? - Quem te disse isso, menino? Claro que tem! E dos mais bonitos... Entrega-lhe a redação. Aguarda apreensivo enquanto os olhos do velho escorregam lentamente pelo papel e finalmente levantam para pousar nele. Sorri e lhe diz: - Está vendo aquela máquina ali? É sua. A partir de hoje você vai precisar.
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