Trata-se de um movimento só existente em países como o nosso, que os reverencia e a cada dia vê o governo os assistindo, até financeiramente. Apesar de, em suas raízes, este ser um movimento coerente, atualmente, o que vemos é uma desvirtuação em suas origens e a ocupação do latifúndio como a principal forma de luta pela terra. A política influenciando as atitudes tomadas se reflete no que podemos depreender, do por que a maioria das ocupações ocorrem no sudeste, em áreas particulares e produtivas. Ora, nos questionamos o que leva seus “líderes” a ocuparem, na maioria das vezes, áreas produtivas, particulares e de localização privilegiada, ao invés, de ocuparem áreas públicas, improdutivas e em estados menos populosos. Será que a intenção deste movimento é ocupar terras do sudeste? Pois, agindo assim, chamará mais a atenção das mídias e politicamente isto é muito mais interessante. Vejamos o que ocorre, este movimento não se preocupa mais em pleitear terra para seus integrantes, forçando os governantes a promoverem a reforma agrária, e sim, em chamar a atenção de toda a comunidade. Os proprietários destas áreas além de verem suas terras serem invadidas e destruídas maldosamente, ainda precisam contratar um advogado para reaver o que sempre foi seu e ainda corre o risco de ter sua reintegração de posse indeferida, pois pode o judiciário agir desta forma, uma vez que está diante de um problema de caráter meramente social, agora. O que mais nos deixa perplexos é constatar um apoio incondicional a este movimento desvirtuado, ao invés de vermos qualquer tipo de ajuda a movimentos socialmente mais voltados à sociedade como é o caso da causa dos deficientes. Eu como um membro de uma comissão da OAB/SP, voltada ao apoio aos deficientes, fico estarrecido quando vejo o descaso existente aos deficientes e ao mesmo tempo o enorme apoio aos integrantes deste movimento. Movimentos como este só podem sobreviver em países como o nosso que colocam os interesses individuais acima dos coletivos, e onde o direito de propriedade foi desvirtuado a fim de beneficiar algum legislador. É muito mais importante para alguns a política ao invés do bem estar social. Infelizmente, somos governados por pessoas de um partido político que tem neste movimento muitos aliados, isto explica o porquê deste movimento ser “protegido” e estar acima da ordem jurídica existente. Vivemos em um sistema que torna os políticos e seus “amigos” acima das normas existentes. Portanto, o que vemos são muitos integrantes deste movimento, agirem sobre a proteção total da legislação, promovendo o caos e que explicita nas próprias ações de luta o que contesta, daí sua desvirtuação. Diante do que foi exposto podemos concluir que a partir do momento que este movimento deixar seu instinto de violência de lado, tanto quanto a clara intenção de beneficiar partidos políticos, a tão aguardada reforma agrária será vista de uma forma diferente da atual. Nota do Editor: Dr André Paes Leme Paioli, advogado do escritório Fernando Quércia Advogados Associados.
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