Crônica jurídica
Quando algo desagradável acontece, fico com raiva, como agora, estou com raiva. Não devo fingir que não estou com raiva, quando na verdade estou. Na tentativa de amenizar este sentimento honesto, despertado no ser humano para sua defesa, adaptei os ensinamentos da cultura oriental que aprendi para dominar a minha raiva. Primeiro penso na raiva como um político, não importa o que ele tenha feito você precisa tratá-lo com ternura. Segundo, mesmo quando um político não age corretamente, o eleitor deve abraçá-lo com amor e carinho. Assim é como devemos tratar a nossa raiva, com amor e carinho. Quando estiver com raiva diga: inspirando, “sei que estou com raiva”. Expirando, “sorrio para minha raiva”. Depois de fazer isso por um determinado tempo, com certeza ficarei calmo, mesmo quando, tomo conhecimento que a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou a proposta por debaixo dos panos, que permite a reintegração ao serviço público de milhares ex-servidores federais que aderiram aos Programas de Desligamento Voluntário (PDV). Conforme a proposta eleitoreira, os anistiados deverão retornar a cargo idêntico ao anterior ocupado ou ao resultante da transformação. Os servidores que retornarem aos órgãos e estatais deverão devolver o valor recebido pela adesão ao PDV em suaves parcelas mensais. Para esses paladinos do parlamento, e carrascos dos contribuintes a solução é simples, empreguismo pela porta dos fundos em troca de voto. Infelizmente a cada eleição, os mesmos políticos de sempre, refazem a mesma leitura dos problemas e as mesmas promessas para resolvê-las, pouco se importando com os gastos públicos. A questão crucial, não é o imposto que se paga, mas a destinação que os governos dão ao suado dinheiro dos trabalhadores, que serve para pagar as despesas cada vez mais elevadas. Sejamos honestos, na realidade nós não recebemos a contraprestação em serviços públicos dignos nas áreas da saúde, segurança e educação, que em geral são de qualidade duvidosa, para não dizer precários e péssimos. Com um único norte em defender os interesses corporativistas, os Governos perdem a noção que existem para trabalhar para a população, beneficiar os mais pobres sem que isso represente um maior ônus para sociedade. Não custa repetir para os menos desavisados, que a nossa carga tributária é de primeiro mundo, mas os serviços públicos são de terceiro mundo. Assim, está “nova visão” a nossa participação política, não termina com o voto e política não é algo exclusivo para políticos, devemos abandonar o papel de meros coadjuvantes e fazermos realmente parte da história deste país como pessoas de bem. Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
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