Sábado, estava em casa quando percebi do outro lado da rua, um jovem bem vestido, mas com uma atitude de levantar suspeita, pois estava quente e ele trajava um casaco se aproximando de um veículo estacionado. Achei estranho. O que vai acontecer, pensei comigo? Fiquei impressionado com a rapidez como quebrou o vidro do automóvel. Pressentindo minha presença na janela saiu em disparada sem conseguir êxito no seu intento. O detalhe que me impressionou foi à ousadia do arrombamento em pleno sábado, à tarde e a ameaça antes de deixar o local. Parece que arrombar veículos para furtar estepe virou moda. O furto da estepe está cada vez mais presente em nossas cidades, que ocorre em toda parte principalmente próximos de escolas, hospitais ou igrejas, pois os criminosos sabem que o motorista vai demorar a voltar para o veículo, e o dano provavelmente só será percebido pelo proprietário quando da troca de um pneu furado, ou quando for utilizar o porta-malas. A ação dos ladrões é extremamente rápida, não levando mais do que trinta segundos. Para abrir a porta, os arrombadores usam uma chave falsa, chamada nos meios policiais de mixa ou uma chave de fenda. Também é comum quebrarem o vidro lateral traseiro. O larapio depois de pegar o estepe, embarca num outro veículo que dá cobertura e vai embora sem ninguém perceber. Segundo alguns policiais, a inexistência de comunicação e de testemunhas, dificultam o trabalho da investigação, por outro lado não existem estatísticas oficiais, ou quando tem estão distorcidas sobre esse tipo de crime, pois muita gente não registra o que propicia o fortalecimento da parceria entre ladrão e borracheiros, onde a estepe furtada é vendida como produto novo no mercado clandestino. Há furto porque há comprador e com certeza é a vítima dos meliantes. Por outro lado os amigos do alheio encontram facilidades para a prática do crime, que na maioria das vezes é o motorista o maior contribuinte para a ação, ao deixar o veículo estacionado na rua, longe do seu destino, e até deixando objetos nos bancos, sem contar que em certos veículos novos o estepe fica embaixo ou preso na parte externa, “é como tirar doce da mão de criança”, mas também ocorre naqueles automóveis que tem o equipamento no porta-malas, um pouco mais difícil, mas não impossível. Entretanto, as nossas autoridades policiais nada poderão fazer se as vítimas não auxiliarem com a comunicação do furto a polícia e o competente registro do furto na delegacia de polícia para que sejam criadas ações inteligentes visando coibir este tipo de crime Não podemos nos omitir diante dessa crescente agressão ao nosso patrimônio, se nada for feito com certeza o estepe do seu ou do meu carro estará na mira do gatuno mais próximo e por ser um material de fácil comercialização, acabará nas mãos de algum desonesto borracheiro receptador. Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
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