Há anos fala-se que o caótico trânsito é um dos grandes gargalos da sociedade moderna. O número de automóveis aumenta, na medida em que mais cidadãos conseguem o acesso a esse bem, e as ruas continuam as mesmas, ou pelo menos, não aumentam na mesma proporção dos veículos. Essa é uma realidade vivida por todo o mundo, inclusive pelo Brasil. Caminho certo para o caos. Chegamos a um ponto onde, apesar da facilidade para se conseguir realizar o sonho do carro próprio, não podemos dele dispor em todos os instantes, pois a infra-estrutura das cidades, notadamente dos grandes centros, não é suficiente para atender à crescente demanda. Foi-se o tempo em que cada dono de automóvel podia abandonar o transporte público e valer-se exclusivamente do seu veículo. Hoje ele tem facilidades para adquirir o carro (até o zero quilômetro), mas não encontra vias públicas suficientes para atender às suas necessidades de locomoção. Por conta dessa limitação, teremos todos de nos valer do transporte coletivo. Em vez de ir ao trabalho com o automóvel, devemos fazê-lo com o ônibus, mesmo que seja o de linha especial. Para viajar, com tantos, tão caros e abusivos pedágios, fica mais barato utilizar o avião ou o ônibus e, chegando ao destino, alugar um veículo para a circulação local. Definitivamente chegamos ao momento em que viajar ou trabalhar com o veículo próprio pode custar mais caro e é mais complicado do que se utilizarmos o transporte coletivo. Sinal dos tempos. Com esta realidade instalada, cabe ao usuário analisar o que é mais favorável. Se o uso do veículo próprio ou do transporte de terceiros. É a hora de utilizar o serviço terceirizado? O lucro imediato será a desobrigação de passar minutos ou até horas preocupado com o trânsito e a certeza de que não estará sujeito a nenhuma avaria do veículo nem acidente da própria responsabilidade. Se o veículo quebrar ou houver algum acidente, problema exclusivo da empresa operadora, do dono da frota e do motorista! A tendência para o transporte coletivo hoje é irreversível. Espera-se, agora, que as empresas transportadoras busquem, cada dia mais, a modernização da estrutura e a especialização do seu pessoal, para poderem cada vez mais oferecer um serviço de qualidade, que nada fiquem a dever ao transporte individual. Ao governo cabe agilizar essa transição e promover a desoneração fiscal. Há que reduzir os impostos sobre veículos, combustíveis, peças e acessórios destinados à prestação do transporte coletivo. Com essa redução tributária, as empresas terão condições de transportar a população com tarifas menores do que as atualmente praticadas, sem que isso represente a ruína do negócio. O resultado será mais passageiros nos ônibus, trens e metrôs, menos veículos de transporte individual nas ruas, menos congestionamento e poluição atmosférica, mais saúde à população e, como consequência, uma série de outros benefícios. No dia em que o Brasil bem utilizar o seu transporte de massa e souber a real função do caminhão e do automóvel particular, estará provado que se transformou num grande e desenvolvido país... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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