- Nem te conto! - Conta vai. - Advogado! Lindo e cheio da grana. - Capaz, jura? Se deu bem. - E como. Abre a porta do carro pra gente entrar e sair. - To com inveja! Inveja santa, é claro. - Carro do ano, importado é lógico. Chega de carro mil e ônibus. - Tá podendo hein! - Cartão de crédito e cheque ouro. Nota de cinquenta pra cima. Diz que não gosta de volume na carteira. - E a noite como foi? - Fomos pro apartamento dele. Chiquérrimo, tem até um porteiro que chama ele pelo sobrenome, coisa fina. - E você toda faceira. - Só na elegância. - E... - Bom, jantar à luz de velas, nem se compara ao bar do Beto. Cada prato de comida que nunca tinha visto, muito menos comido. O tapete, se alguém deitasse, pra achar só apalpando. Cerveja de latinha? No mínimo vodka importada! - Nossa! Você deve ter amado! - Horrível! Não sei como essa gente tem coragem de gastar tanto dinheiro nessas coisas. Mas tava ali, firme. Ainda me sobrava coragem pra volta e meia fazer - hummm, muito bom! A gente é pobre mas não perde a pose.
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