26/08/2025  12h19
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
01/08/2010 - 15h04
"Marcelooo!!!"
Marina Alves
 

No meio da tarde vou à padaria. Do outro lado da rua avisto o Marcelo entrando na farmácia. Saudade do Marcelo! Conheci-o através da irmã, colega de colégio. Tínhamos afinidades, gostos literários em comum. Fiquei mais amiga dele que da própria irmã (que só tinha lido “O pequeno príncipe” porque era chique, e quem não tivesse lido tava por fora).

Marcelo era inteligente. Ideias revolucionárias. Queria mudar o mundo. Falava de política, dos movimentos estudantis. Era um sonhador. Aliás, éramos... A realidade “dá rasteiras” nos sonhadores. Deu as suas no Marcelo, em todos nós que sonhávamos. Nada é tão fácil como se pensa aos vinte anos. Sob o choque dos desencantos, a geração coragem se desmanchou. Virei professora. O Marcelo passou num belo concurso da União...

Há pouco, meu amigo mudou-se pra vizinhança. Está grisalho, com cara de homem bem sucedido: um brilhante funcionário público federal (ainda terá sonhos e ideais?). Posso entendê-lo. Comigo também não foi diferente. Todo mundo enquadrado (meio quadrado) e sem sonhos. Nesse momento ele é só um pai de família e avô entrando numa farmácia. Provavelmente, pra comprar um tylenol, talvez contra dengue, um cidadão comum, no seu traje social: calça cinza e camisa branca de manga longa...

Compro meu iogurte. De repente, resolvo: vou à farmácia dizer um alô pro Marcelo. Atravesso a rua. Vou rompendo a barreira que transita na calçada. Paro à porta da farmácia. Meio confusa, localizo meu amigo, de costas, no caixa, todo elegante no seu traje social calça-cinza-camisa-branca-manga-longa. Aguardo. Ele se vira pra sair. Aceno e grito-lhe alegre e animadamente “Marcelooo!”. Um par de olhos intrigados me olha. Tímida e hesitante, uma mão se levanta em resposta. Só então vejo que o respeitável senhor, tirando o traje social, nada tem do Marcelo. Enquanto na padaria eu pensava em brisas, meu amigo tinha já comprado seu tylenol e virado vento! Só comigo...

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.