Segundo o grande historiador, e um dos fundadores da Revista dos Analles, o que deu origem ao que posteriormente ficou conhecida como Escola dos Analles, March Bloch: “O historiador é um eterno devedor do seu tempo”, ou seja, o papel que o historiador deve desempenhar é de extrema importância para a humanidade e principalmente para o grupo social no qual está inserido.

Quando se fala em história no Brasil, não podemos deixar de citar os vários anos em que a disciplina história, apenas servia de mero processo de reprodução de fatos e datas de heróis que nem sequer deveriam ser assim reconhecidos, dando a disciplina um caráter expressamente figurativo nos currículos, não por ingênua atuação dos profissionais, mas de maneira propositada, sendo utilizada como suporte para enfatizar determinado regime político no poder, reforçando muitas vezes uma história alienante que em nada contribuiu para a construção de uma identidade nacional por exemplo.

Parece um movimento pretensioso atribuir a uma mera disciplina escolar, uma tarefa tão importante no contexto social, a ideia de construção de uma identidade. Talvez devêssemos buscar na própria história do Brasil, dados que comprovem esse contexto, disciplinas que foram criadas com o intuito de apresentar determinadas posturas políticas, enfatizando os heróis nacionais, o pseudo-patriotismo das bandeirinhas do Brasil nos desfiles cívicos, com uma positivista com início, meio e fim em que momento algum se dispôs ao exame crítico nas estrelinhas do documento histórico, para poder desvendar, elucidar a nossa, se não verdadeira história, o que é impossível sob o ponto de vista histórico, mas pelo menos que sejam apresentadas alternativas no engodo da história do Brasil, novas possibilidades e vertentes.

No Brasil cuja característica maior no que tange a cultura é um processo vertiginoso de vulgarização e descaracterização da identidade cultural, tem não só na disciplina história, mas também em parcerias com outras disciplinas, um compromisso com literalmente um enfrentamento as invasões de modismos estrangeiros que tanto são nocivos para a manutenção das manifestações culturais. Tomando os devidos cuidados para não ser fundamentalista, que seja então proposta uma relação de troca entre as culturas, para que todos possam ter acesso a história cultural do outro, pois a beleza estética reside justamente na diferença..

A história no Brasil precisa de uma reviravolta, os conceitos necessitam com urgência serem revistos, povo sem história, povo sem memória e como consequência desastrosa sem uma identidade, apenas com lampejos fragmentados de identidade nacional. Nas escolas sendo pública ou privada, o professor tem a principal ferramenta, que é o próprio conhecimento para provocar no aluno uma vontade de refletir sobre a sua história, sendo ele próprio um agente ativo na construção do saber histórico.

As razões pela qual a história deve ser encarada juntamente com outras disciplinas, como auxiliadora na construção de uma identidade nacional, são muitas. A micro-história, fontes variadas, a revisão dos conceitos, a desconstrução, os questionamentos históricos, o saber histórico tudo isso aliado a uma força de vontade política, certamente proporcionará a essa ciência um status talvez nunca obtido no Brasil, desde a sua implementação.