Acompanhamos, nos últimos dias, a indignação de leitores e articulistas de diferentes veículos de comunicação em relação a artistas, jogadores de futebol e celebridades que se apresentam como candidatos às próximas eleições e, em alguns casos, cometem exageros que chegam a desqualificar os cargos em disputa. É importante registrar que, como eleitores, esses indivíduos têm todo o direito de postular o cargo eletivo. Serem eleitos ou não, depende única e exclusivamente da vontade do eleitorado, que é soberana. Como se tem dito através das gerações, sempre que lhe é dado o direito de escolha, cada povo tem o governo que merece... Num sentido mais amplo da análise, encontramos o eleitor como o grande responsável pelo processo. Só chegarão aos governos e às casas legislativas aqueles que receberem o seu voto. Pouco importará a campanha certa, errada, fantasiosa ou grotesca, se o eleitor estiver consciente de que é do seu interesse votar só naqueles que possam, se eleitos, cuidar bem de seus interesses junto à administração pública e à sociedade. Por mais que se goste da obra de um cantor, de um humorista ou dos dribles de um jogador de futebol, há que se levar em consideração que, uma vez eleito presidente, governador, senador ou deputado, ele não estará lá – no governo ou no legislativo – executando aquilo que nos leva a gostar deles. Talvez, o exercício da nova atividade até venha a nos privar de suas apresentações. Não dá nem para imaginar no que se transformariam o Congresso Nacional, as Assembléias estaduais e as sedes de governo compostas com deputados ou governantes que atuem cantando, contando piada, fazendo trejeitos ou executando boas jogadas de futebol. Seria, no mínimo, ridículo. É importante que, na hora de decidir em quem votar, o eleitor esteja preparado para o raciocínio comunitário e não aja pela emoção ou como fã. Independentemente de ser cantor, humorista, jogador de futebol ou líder religioso, o candidato deve ser analisado por suas propostas de trabalho na nova seara em que pretende entrar. Pode ser que muitos desses notáveis reúnam todas as condições para serem bons políticos e, sendo assim, devem merecer o voto. O que não se deve é neles votar apenas por serem ídolos nas respectivas atividades. O Brasil, como os demais países do continente, viveu décadas de incertezas políticas, alternando períodos de frágil democracia e de severo arbítrio. Vivemos, agora, o mais longo período democrático. Neste regime, o voto é arma importante, embora o povo brasileiro ainda não tenha sido inteiramente conscientizado disso. É preciso correr nessa direção. A hora de votar é, talvez, o único momento de total liberdade. Ali podemos fazer o que bem entender sem ter de explicar nada a ninguém. É a hora em que podemos fazer as coisas mudarem de acordo com o nosso interesse. Naquele momento não somos, fãs, discípulos, empregados ou patrões. Somos cidadãos!... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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