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Medicina e Saúde
15/09/2010 - 18h18
Como foi mesmo que a senhora caiu?
Sergio Bontempi Lanzotti
 
Conversa de consultório

Foi um escorregãozinho de nada... Mas o estrago foi grande. As quedas de idosos já estão sendo classificadas pelo Ministério da Saúde como epidemia. Os custos sociais para a pessoa idosa que cai e sofre uma fratura são incalculáveis. A incidência de fraturas é diretamente proporcional à idade e, quanto mais idoso, maior o risco de um problema grave. Dados do Projeto Diretrizes demonstram que o total de ocorrências é maior a partir dos 85 anos, quando o número de casos é de 51%. De 65 a 74 anos, o número é de 32%, e na faixa etária de 75 a 84 anos é de 35%.

A queda em idosos pode causar sérios prejuízos à qualidade de vida desse grupo populacional, podendo acarretar em imobilidade, dependência dos familiares, sem falar no índice de mortalidade pós-cirúrgico. As complicações advindas de uma queda vão desde fraturas mais comuns no punho, no fêmur - que pode prejudicar a capacidade de andar - e na coluna até um traumatismo crânio encefálico. Nos casos mais graves, a queda pode provocar a morte. Considerando todo o país, somente em 2005, foram 1.304 óbitos por fraturas de fêmur. E em 2009, esse número subiu para 1.478 casos.

Os principais motivos de quedas são as condições físicas e motoras do idoso, que podem ser prejudicadas por influência de medicamentos, tonturas, problemas oftalmológicos, fraqueza muscular ou de audição. Doenças articulares – artroses, hérnias de disco e bicos de papagaio – são mais incidentes nessa população e trazem limitações que também favorecem quedas, assim como a osteoporose. Eventualmente, as quedas podem ser o primeiro sintoma de doenças graves como uma patologia óssea ou metabólica, tumores ou ainda a fase inicial do Parkinson.

As alterações nutricionais também são fonte de preocupação na terceira idade. Nessa faixa etária, a mastigação é ruim, o apetite fica alterado e a ingestão de proteínas abaixo do esperado. O resultado é uma aceleração da perda de massa muscular, que gera redução de força e equilíbrio.

As quedas dos idosos afetam muito também a família, na medida em que o idoso que fratura um osso acaba hospitalizado e frequentemente é submetido a tratamentos cirúrgicos. Para o sistema de saúde, os custos também são altos. A cada ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem gastos crescentes com tratamentos de fraturas em pessoas idosas. Em 2009, foram R$ 57,61 milhões com internações (até outubro) e R$ 24,77 milhões com medicamentos para tratamento da osteoporose. Em 2006, estes números representavam R$ 49 milhões e R$ 20 milhões, respectivamente.

A quantidade de internações provocadas por quedas aumenta a cada ano e as mulheres são as mais atingidas. Entre elas, foram 20.778 mil internações em 2009, e, entre eles, 10.020 mil (dados até outubro). Por causa da osteoporose, as mulheres ficam mais vulneráveis às fraturas. Os homens caem, mas não sofrem tantas fraturas tanto quanto as mulheres.

Uma cultura de prevenção

Por questões de segurança, todo idoso deve avisar ao médico que o assiste se ele caiu nos últimos seis meses. Isto porque é comum a pessoa cair uma primeira vez e não sofrer maiores conseqüências, além de um susto. Mas, o susto pode se transformar em algo mais grave, se as quedas se tornarem habituais.

O investimento em prevenção pode diminuir os gastos com o tratamento para idosos que caem. Um exame de densitometria óssea, por exemplo, pode indicar a presença da osteoporose, doença que pode ser tratada e prevenida.

Além do estado de saúde do idoso, as quedas também estão relacionadas a causas externas. As mais comuns são os obstáculos, que podem estar em casa, ou fora dela, como raízes de árvores, degraus ou calçadas esburacadas.

O ideal é que acompanhando o processo de envelhecimento, sejam feitas alterações na residência dos idosos, a fim de diminuir os riscos de quedas e garantir uma velhice saudável. A recomendação é adaptar o lar para a nova etapa da vida. O espaço da bacia do banheiro deve ser maior, é preciso ter um banco dentro do box, para que ele possa tomar banho sem correr riscos. Tapetes, nem pensar! O idoso arrasta mais o pé, tropeça e cai. Cuidados com a escolha de calçados anti-derrapantes também são necessários.

É preciso também acabar com o preconceito em relação ao uso de andadores e bengalas. Se eles forem indicados como um cuidado para prevenir a queda, é melhor usá-los do que lidar com as possíveis conseqüências.

Já quando o assunto é o ambiente externo, o problema pode se agravar. Shoppings, ruas, calçadas, cinemas, teatros e transportes coletivos não estão adaptados às necessidades especiais dos idosos. Essa ainda não é uma necessidade difundida na sociedade brasileira, apesar de já sabermos, pelos dados apurados pelo Censo de 2010, que estamos registrando uma diminuição no ritmo de crescimento da população brasileira.

Em período eleitoral, é muito importante saber que a constatação feita pelo Censo vai exigir dos governantes a adoção de novas políticas sociais no Brasil nos próximos anos. Estamos diante de um processo de envelhecimento, de um crescimento quase vegetativo da população e, principalmente, diante de mudanças nos arranjos familiares, onde há muitos domicílios com pessoas idosas morando sozinhas.


Nota do Editor: Dr. Sergio Bontempi Lanzotti é reumatologista, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares – Iredo (www.iredo.com.br).

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