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Opinião
17/09/2010 - 17h01
O limite do crescimento...
Ingo Plöger
 
Ou o crescimento dos limites?

O Banco Central do Brasil elevou a SELIC em 0,5%, contrapondo a tendência da maioria dos analistas de mercado, que apostaram em 0,75%. A tendência de alta dos juros se deve à avaliação do COPOM de que a indústria brasileira estava superaquecida em mais de 14% frente a 2009, puxando o PIB para mais de 9% ao ano. Os números do primeiro semestre do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), na comparação com o segundo trimestre de 2009, mostrou que o PIB cresceu 8,8%. Dentre as atividades econômicas, destacou-se a indústria (13,8%), seguida pela agropecuária (11,4%) e pelos serviços (5,6%). O PIB em valores correntes alcançou R$ 900,7 bilhões. Pela avaliação, esta evolução não seria sustentável para manter o Brasil com o centro da inflação nos níveis propostos de 4,5% ao ano.

A escassez nos suprimentos, a elevação dos insumos e a falta de produtos, como automóveis e a linha branca, fizeram com que o freio fosse acionado. Acontece que, com a alta de juros, não só o setor industrial se esfriou, como o crédito, em geral, afetou o comércio, e, reduziu a velocidade da moeda em curso. Em julho, encontramos sinais contraditórios, de um lado estoques no setor automotivo acima do esperado e redução da demanda de eletrodomésticos. De outro, o crescimento extraordinário no setor imobiliário e em algumas áreas de consumo. Esses sinais já explicam o porquê da redução da expectativa inflacionária e o início da redução do crescimento dos juros.

E como está o cenário internacional? Nos Estados Unidos, sinais contraditórios são emitidos pelas empresas e pelo FED; alguns resultados semestrais surpreendem pela recuperação, em especial do setor automotivo e do consumo de bens não duráveis, outros apresentam resultados aquém do esperado. A Europa acaba o teste de estresse dos bancos e demonstra controle sobre a situação, embora alguns ainda permaneçam na UTI. A China reduz, de maneira sutil, seu crescimento, em função do aquecimento no setor imobiliário.

Inicia-se aqui também um processo de limitar crescimentos em função dos indicadores macroeconômicos?

Os quatro exemplos acima demonstram que, embora as realidades sejam distintas, o Brasil, a Europa, os EUA e a China sofrem com consequências similares, ou seja, limitam-se ao crescimento em função da estabilidade macroeconômica.

Voltando ao Brasil, fica a pergunta: temos um limite para o nosso crescimento? Se sim, qual seria este limite?

Na década de 1970, divulgou-se um estudo que alertava as nações para o fato de que os recursos naturais são finitos e o crescimento não tinha como ser indefinidamente alto. À época a OPEP, elevou os preços do petróleo que eram em torno de USD$ 5.00/barril para USD$ 70.00/barril. A lógica era a de que os insumos eram limitados e, portanto, o crescimento estava limitado à sua exaustão.

A realidade posterior mostrou que o limite do crescimento não ocorreu pelo limite da exaustão, mas pelo crescimento dos limites em todos os campos industriais e sociais.

Com este aprendizado, entramos na avaliação brasileira. Se hoje temos os nossos limites testados, para não serem inflacionários, entre 6 a 7%, não quer dizer que jamais poderemos crescer acima deles. A questão é como fazer crescer os limites para cada uma das partes do PIB, sem tornar a evolução inflacionária e/ou sem aumentar o endividamento?

Investimentos nas diversas dimensões será a resposta. Entretanto, vale ressaltar que os investimentos de prazo mais longo não são os da infraestrutura, mas os da qualificação pessoal. Porque para bons profissionais são requeridos investimentos de no mínimo uma década, pois antes de colocar o aluno na sala de aula, será preciso formar um excelente professor. Outro movimento necessário é reduzir limites até agora alcançados, como carga tributária, redução de pobreza, entre outros.

O sinal que o Banco Central está nos dando é que o limite do crescimento foi ultrapassado e o freio acionado. Pela experiência histórica, o tempo que o BC usa para aumentar os juros é três vezes mais curto do que o tempo que leva para baixar. Portanto, retirar um pouco o pé do freio, significa que será preciso mais de um ano e meio para voltarmos ao patamar do início deste ano. Talvez possamos fazer crescer algum destes limites, para alimentar o crescimento sustentável por um longo período. Temos o direito de sonhar com esta perspectiva...


Nota do Editor: Ingo Plöger é presidente da IP Desenvolvimento Empresarial e Institucional e conselheiro de empresas nacionais e internacionais.

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