Toda eleição presidencial é a mesma coisa. Um dos temas mais badalados é a suposta democracia onde vivemos. Os mais velhos lembram da dura época da ditadura, os trintões lembram do Impeachment e os mais jovens da urna eletrônica. Mas o que prevalece, é a idolatria pela Democracia. Como uma Deusa grega ela nos observa do alto do Olimpo e nos abençoa com a sua presença onipotente. D.e.m.o.c.r.a.c.i.a. É lírico, é quase poesia. Soa bem aos ouvidos e nos dá a impressão de viver em um país justo. No entanto existem alguns aspectos que poucas pessoas costumam questionar durante as eleições. A obrigatoriedade do voto é uma delas. As poucas pessoas que se expressam a respeito recorrem sempre ao mesmo lugar-comum. "É um dever cívico do cidadão", ou "É um direito conquistado à duras penas". Daí eu me pergunto; é um dever ou é um direito? Na minha humilde opinião, não é nenhum dos dois. Vejamos, caso fosse de fato um direito, não seríamos obrigados a votar. Pois direito e obrigação não são sinônimos, mesmo quando estamos falando do controverso Brasil. Como no nosso país costumamos sempre a fazer comparações com o chamado primeiro mundo, eu não conheço nenhum outro país do primeiro mundo ocidental onde o voto seja uma obrigação. Quando eu explico aos meus colegas de trabalho sobre a obrigatoriedade do voto no Brasil, todos se surpreendem pois nunca imaginariam que fôssemos forçados a votar. E se for um dever cívico? Parece tão solene, "dever cívico". Eu me pergunto, qual é o dever cívico do governo? Quais serviços obtemos em retorno ao cumprimento do nosso tão nobre dever? Educação? Saúde? Estradas? Transporte? Segurança? Mas a parte o fato de não concordar com o dever cívico ou direito adquirido, eu me interesso pelo “espetáculo” das eleições, afinal de contas trata-se do show-biz que decide o futuro do nosso país. É o grande momento em que votamos no estilista, no palhaço, na mulher fruta. É a ocasião onde mostramos todo nosso conhecimento político e cumprimos nobremente nosso dever e exercemos nosso direito mostrando ao mundo o quanto levamos a sério as eleições no Brasil. Foi justamente por me confrontar com o modo com o qual lidamos com o processo eleitoral no Brasil, que tive uma idéia que se encaixa perfeitamente no cotidiano da sociedade brasileira. Considerando o fato de que o brasileiro pouco se importa com o programa de governo, com o passado do candidato e com as alianças do partido, poderíamos ao menos promover um pouco de entretenimento nos debates. O povo brasileiro ama novelas, sugiro então que se faça a combinação de alguns reality shows com quiz shows. Poderíamos transformar os debates em um verdadeiro reality quiz show, onde o candidato pode ser colocado no paredão (sem ser uma CPI ou Cassação), salvo (sem a necessidade de uma Liminar ou Habeas-Corpus), observado 24 horas por dia (fora da TV Senado), durante todo período oficial da propaganda eleitoral gratuita. Durante os showbates, os candidatos poderiam recorrer à ajuda como ligar para um assessor externo, exibir um documento impugnando o seu oponente, ou até mesmo “pulando” uma pergunta que o deixasse numa saia justa. As TVs faturariam com os anúncios publicitários, o público teria sua dose diária de entretenimento e os debates seriam menos entediantes dos de hoje, onde pouco se aprende sobre o plano de governo dos postulantes aos cargos. Assim, teríamos a Comédia da Vida Pública, a Ópera Bufa oficial da relação entre os eleitores e candidatos na nossa pátria amada Brasil. E você, já escolheu quem vai eliminar nas próximas eleições?
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