A economia brasileira, que resistiu bravamente à crise econômica internacional, hoje sofre com a desvalorização do dólar, causada principalmente pela emissão da moeda nos EUA, que inundam o mercado de dinheiro com a finalidade de promover a retomada do desenvolvimento local. O fenômeno também ocorre na Europa e no Japão. Com dinheiro sobrando no mercado, a desvalorização e inevitável e atinge, preferencialmente, os países emergentes, como o Brasil. O governo brasileiro aumentou o imposto para a entrada da moeda estrangeira e toma medidas para enxugar o mercado, mas, mesmo assim, a tendência é de queda pelo menos até o final do ano. Isso gera dificuldades à economia local, especialmente aos exportadores, que realizam seus custos de produção em real e recebem a venda do produto em dólar. Ainda correm o risco de perder competitividade da mercadoria com as produzidas no exterior. Durante o século XIX e até o final da 2ª Guerra Mundial, a moeda de transações internacionais foi a inglesa libra esterlina. Com a Inglaterra endividada pela guerra e os EUA em condições de financiar a reconstrução dos países devastados, não foi difícil aos norte-americanos imporem a sua moeda. Desde então, o dólar é o dinheiro oficial para as negociações internacionais e, além de circular como moeda em território estadunidense, também o é em mais de uma dezena de países. Além disso, serve de base para a economia de outros. Recorde-se que, recentemente, a economia argentina foi dolarizada e isso gerou uma grande crise. Não devemos nos esquecer, também, das oscilações que a moeda teve no Brasil, levando muitas empresas e empresários endividados em dólar a enfrentarem sérias dificuldades. Parece estar chegando a hora dos países subjugados ao câmbio dolarizado adotarem uma providência libertadora. Assim como a moeda inglesa perdeu sua importância nos anos 30/40 do século passado, o dólar também não parece bem das pernas. A Europa, China, Japão, Brasil e dezenas de outras economias bem sucedidas ao redor do planeta deveriam agir concretamente para o estabelecimento de um novo padrão monetário internacional que não seja, necessariamente, a moeda de um país. Se conseguirem montar esse mecanismo, ficarão livres das oscilações que hoje o dólar sofre por conta da crise norte-americana. Talvez até a crise de 2008/2009 não tivesse se alastrado tanto. Uma das razões para adotar uma moeda forte como padrão internacional, nos longínquos anos 40, era garantir um meio físico para a realização das transações. Tanto é que haviam notas de até 100 mil dólares que, até 1979, circularam entre bancos e também foram utilizadas pelo crime organizado, o que motivou a sua eliminação. Hoje todos os meios de pagamento e movimentação de mercado são escriturais e eletrônicos. A moeda é apenas referência. E o velho dólar já deu o que tinha de dar... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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