Em 2003, depois de ser assaltado em frente ao meu apartamento no Morro do Maluf, no Guarujá, e logo após o assassinato de um turista chileno na praia da Enseada, criei um movimento reivindicatório visando chamar a atenção das autoridades estaduais para o alto nível de insegurança do nosso litoral. Consegui, na ocasião, a adesão de vários amigos proprietários de imóveis na cidade e criamos um boicote que teve grande repercussão na mídia que comprou a causa. Fiquei praticamente uma semana atendendo jornalistas e brigando com o prefeito da época, que não entendeu e nem teve o alcance de aproveitar o movimento para pressionar o governo estadual e obter mais recursos para a segurança de seus munícipes. A reivindicação foi um sucesso, pois incomodamos as autoridades locais e conseguimos uma grande exposição para a insegurança da cidade em rádios, TVs, jornais e revistas, mesmo com o grande esforço das autoridades da época em tentar sabotar a iniciativa. Eu e todos que aderiram à causa ficamos muito satisfeitos. Teve até um vereador jeca que propôs na Câmara um “voto de repúdio” ao movimento e a minha pessoa, o que em nada me incomodou, pois continuei frequentando o Guarujá como sempre fiz, desde os anos 50. Com a proximidade das férias, parece que os ladrões do Guarujá estão ansiosos e já começaram, como treinamento, a assaltar em grande estilo. Há poucos dias, pegaram a Hortência, o filho do Roberto Carlos e um grande número de veranistas de finais de semana donos de casas nas praias da Enseada e Pitangueiras. Como proprietário de um imóvel e frequentador da cidade, gostaria de saber o que as autoridades atuais pretendem fazer com a onda de violência que está assolando a região e vem sendo noticiada por todos os veículos de comunicação. Minha contribuição já foi dada quando divulguei o grave problema da segurança e só fui compreendido pelos jornalistas e pela população esclarecida. As autoridades da época não aproveitaram o fato e insuflaram os comerciantes locais que, em sua sanha financeira imediatista, acharam que teriam grande prejuízo no final de semana do boicote e não foram capazes de entender que a médio e longo prazo todos ganhariam. O Guarujá continua lindo, mas infelizmente a violência anda assustando muitos turistas. Até o preço dos imóveis se desvalorizou, pois todos estão com medo da região. Obviamente, os comerciantes também estão perdendo muito dinheiro com a fuga dos seus clientes. Acho bom que alguém tenha alguma boa ideia e rápido para reivindicar uma mudança da situação e, principalmente, prender os receptadores de bens roubados que — tenho certeza — são conhecidos pela polícia, bem como os próprios ladrões. Se não forem tomadas medidas enérgicas e urgentes, nem aparecer proposta melhor que o boicote de 2003, acho que poderia ser criado um novo boicote para a temporada de 2011! Nota do Editor: Nicolau Amaral é empresário da área de Comunicação. E-mail: nicolau.amaral@nacom.com.br.
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