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Opinião
29/11/2010 - 07h00
Simples ou simplista?
Rodrigo Constantino
 
“Para todo problema complexo, há uma resposta clara, simples e errada.” (H. L. Mencken)

O caos da criminalidade carioca suscitou intensos debates sobre quais são suas principais causas e como resolver o problema. Algumas pessoas, imbuídas das melhores intenções, mas armados com uma visão extremamente limitada, logo partem para as soluções “mágicas”, aquelas que parecem demasiadamente simples. Porém, quando se trata de problemas complexos como este, a única certeza é de que não existem panacéias. Qualquer solução simples será, na verdade, simplista.

É o caso daqueles que pregam a legalização das drogas como saída para o problema. Estou de acordo com o argumento de que sua proibição tem sido uma importante causa da criminalidade, pois concentrou poder nos bandidos. Durante a Lei Seca nos Estados Unidos, era Al Capone quem mandava. Com seu fim, vieram as respeitadas empresas de bebidas alcoólicas. É preciso rever esta política de proibição, sem dúvida, ao menos para as drogas mais leves como a maconha, responsáveis por boa parte do faturamento dos traficantes. Mas legalização não é panacéia.

Basta pensar que há consumo de drogas ilegais no mundo todo, e que nem por isso as cidades de países desenvolvidos se parecem com o Rio neste aspecto. As milícias que tomaram conta das favelas ganham dinheiro em cima da venda de serviços legais também, como botijão de gás, transporte de vans ou TV a cabo (neste caso nem tão legal assim, pois são os famosos “gatos”). As máfias russas cobravam cerca de 30% do faturamento das empresas apenas para “protegê-las” das próprias máfias. Onde não há Estado de Direito, o uso da força, da coerção de algum poder paralelo será a regra, não a exceção, independente de qual produto ou serviço está sendo ofertado.

A bandeira “social” também é utilizada por muitos românticos como panacéia. Normalmente uma bandeira da esquerda, ela também peca por falta de realismo. Em primeiro lugar, ao tratar bandidos cruéis e insensíveis como simples “vítimas da sociedade”. Claro que o ambiente é importante, que as favelas são locais inadequados para se criar crianças, e que o convite ao crime representa constante ameaça e tentação. O homem é, em parte, um produto do meio. Mas só em parte! Há o livre-arbítrio, e basta pensar que a maioria dos moradores de favelas é formada por pessoas honestas, e não assassinos. A política do “coitadinho”, que transmuta vilão em vítima, tem prestado grande desserviço ao combate ao crime.

Investimentos sociais, sendo que o principal deles é mais liberdade econômica para se criar riqueza e empregos, são importantes, não resta dúvida. Mas não são mágicos. Enquanto a impunidade for total, os bandidos, reagindo aos incentivos, serão ousados e destemidos. O crime compensa. Por isso que o confronto duro com marginais é parte essencial da solução do problema. A turma de “direitos humanos” precisa reconhecer este fato. Fechar os olhos para a realidade é insistir no auto-engano, alimentando mais ainda o monstro. A polícia tem que agir com firmeza sim, e é legítimo abrir fogo contra bandidos altamente armados, prontos para uma guerra.

Mas o confronto e mesmo a tomada de território pelo Estado tampouco serão soluções mágicas. São medidas necessárias de curto prazo, mas não resolvem os problemas estruturais. Estes demandam muito tempo, reformas sérias, trabalho conjunto da sociedade, mudança na polícia, na economia, no sistema penitenciário, na mentalidade das pessoas e no judiciário. A criminalidade que tomou conta do Rio é obra não de uma geração, mas de décadas de descaso das autoridades, a começar pelo governador Leonel Brizola, que transformou as favelas em verdadeiras fortalezas do crime, impedindo a ação policial necessária nestes locais.

Aquilo que foi gestado por décadas, não poderá ser solucionado num piscar de olhos. Mas as recentes ações do governo demonstram que há luz no fim do túnel. Ao menos parece que a trajetória foi alterada, colocando o governo no rumo certo. Há uma estratégia, e os bandidos estão sendo asfixiados. Naturalmente, como nos lembra Thomas Sowell, “a maioria dos problemas não é resolvida; apenas dá lugar a novas preocupações”. Nem tudo está dominado, como muitos pensavam. Mas estamos longe da paz. Novos problemas irão surgir com estas medidas. Os bandidos não vão desaparecer. As drogas continuam sendo elevada fonte de renda, e onde há demanda, sempre haverá oferta.

Para questões tão complexas, não existem soluções definitivas. Podemos apenas melhorar o quadro, ir gradualmente mudando a situação na direção de um modelo mais civilizado, que possa resgatar o título de “cidade maravilhosa” que o Rio merece. Mãos à obra!


Nota do Editor: Rodrigo Constantino é economista formado pela PUC-RJ, com MBA de Finanças no IBMEC, trabalha no mercado financeiro desde 1997, como analista de empresas e depois administrador de portfólio. Autor de dois livros: Prisioneiros da Liberdade, e Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT, pela editora Soler. Está lançando o terceiro livro sobre as idéias de Ayn Rand, pela Documenta Histórica Editora. Membro fundador do Instituto Millenium. Articulista nos sites Diego Casagrande e Ratio pro Libertas, assim como para os Institutos Millenium e Liberal. Escreve para a Revista Voto-RS também. Possui um blog (rodrigoconstantino.blogspot.com) para a divulgação de seus artigos.

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