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Opinião
30/11/2010 - 07h01
Rio, felicidade e... preocupação
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

As forças policiais - estaduais e federais - reunidas no Rio de Janeiro, ganharam as manchetes de todo o mundo ao retomarem o Complexo do Alemão, base principal do narcotráfico naquela capital. Com equipamentos, logística, comando e determinação, cumpriram a missão, aparentemente, com baixo número de vítimas e de forma eficiente. Desbarataram um esquema que vigorava há mais de três décadas e, a cada dia, se tornava mais ousado e perigoso, pois confrontava o poder constituído. Também demonstraram que o poder de fogo dos criminosos, embora elevado e inaceitável, não é maior do que os das tropas e instituições oficiais.

Concluídas as operações de assalto ao território e libertação de seus moradores, começou de imediato o paciente e penoso trabalho de pente fino para desentranhar os resquícios da ocupação irregular e criminosa. E, mais que esse, deve ser colocada imediatamente em prática a operação de socorro a população. O Estado tem de se fazer presente para evitar que, como no passado, o crime organizado volte a impor sua vontade no lugar. As autoridades têm motivos para festejar, mas não podem se esquecer que a tarefa apenas começou e que existem, no próprio Rio e em dezenas de cidades brasileiras, outros bairros e regiões igualmente tomados por traficantes, onde os criminosos exercem ilegalmente a autoridade. Todas as cidades brasileiras, até as pequenas, têm seus pontos críticos que, um dia, poderão se tornar insustentáveis, se as autoridades não cuidarem de resolver o problema enquanto ele é administrável. É necessário libertá-las também, mesmo que isso não tenha o mesmo “glamour” da operação carioca.

A apreensão de mais de 40 toneladas de drogas só no “Alemão” demonstra a extensão do problema. Além dos traficantes, há na cidade um enorme contingente de consumidores. Um não vive sem o outro. E ainda mais: como o Brasil não produz a droga, também há um grande esquema que a transporta dos países produtores – Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai – até os centros consumidores. Essa mercadoria circula por pelo menos 1500 quilômetros em território brasileiro até chegar ao Rio. E o mesmo ocorre com as armas contrabandeadas, em boa parte, vindas do Paraguai.

O emprego da Polícia Federal e das tropas do Exército, Marinha e Aeronáutica revelou-se fundamental para o sucesso no enfrentamento no morro. E, com certeza, poderá também determinar o sucesso das operações de combate ao caminho do narcotráfico. O Brasil é extremamente negligente na vigilância das fronteiras e no controle das vias internas. Se já possuísse um trabalho eficiente - não sazonal ou fruto do acaso ou da sorte - para a apreensão de drogas, contrabando e outras cargas ilegais, jamais se desenvolveriam os esquemas criminosos hoje vigentes no Rio e em outros grandes centros. Sem mercadoria não há mercado.

Espera-se que o presidente Lula e sua equipe, nesse mês que ainda resta de governo, direcionem os esforços para o desmonte das rotas que levam drogas e armas aos mercados consumidores brasileiros. E que Dilma Rousseff e aqueles que a auxiliarão no próximo mandato, sejam capazes de desenvolver e estimular políticas públicas capazes de socorrer as populações hoje subjugadas e carentes do narcotráfico, devolvendo-lhe a cidadania e o orgulho de viver em sociedade. Só assim é que o “Tropa de Elite 3”, como está sendo chamada a operação no Complexo do Alemão, poderá ter um final feliz...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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