O animal, do nascer ao morrer, sabe com absoluta precisão: o que, em que momento, e o quanto deve comer. Em circunstâncias naturais sua dieta é sempre a ideal. Sem possibilidade de errar. Porém sem muitas opções de escolha; o cardápio é seu habitat. Para os que estão sujeitos aos padrões de atitudes automatizadas pela evolução das espécies todos são capazes de comer o necessário, exatamente o que precisam, sem que saibam que gosto, que tipos de nutrientes ou mesmo que tipo de “venenos” o seu alimento contém. Simples, quem não está apto a escolher, ainda não é capaz de errar. Para as criaturas que já podem pensar, mas tem dificuldade em fazê-lo, o livre arbítrio pode tornar-se uma perigosa e até mortal armadilha dietética. Num mundo dominado pelas “tranqueiras” a dificuldade cresce em progressão geométrica. Pois, para quem já é capaz de decidir o que saborear, a situação pode tornar-se ainda mais deliciosamente indigesta. Como a liberdade é relativa à capacidade já desenvolvida de pensar e de escolher. E sendo nossa vida interativa e comunitária, ninguém vive só; nossas relações são de interdependência, e até em certas fases, dependemos uns dos outros. Então: se decidir o que, em que momento, e quanto eu posso comer já é complicado, pior ainda, é ter que fazer isso para outra pessoa como ocorre na nossa infância. Como pais temos que decidir, o que, em que momentos e o quanto as crianças tem que comer para crescerem fortes, saudáveis e felizes. Será que nossas escolhas serão determinantes para formar-lhes o padrão de hábitos alimentares para o resto da vida? Até certo ponto sim, mas a sorte é que eles podem modificar futuramente os hábitos adquiridos na infância, quando se capacitarem, e, se o desejarem. Reformar, mudar: nesse ponto, surge um novo problema. Se não sabemos com clareza como e porque mudar nosso hábitos. Se o conjunto de motivos capaz de nos levar a fazermos isso não está bem definido cria-se um conflito que parece sem solução. Pior, quando torna-se uma obrigação. Reciclar sob pressão da doença ou do sobrepeso torna-se algo penoso e desagradável. A mudança de hábitos ideal é aquela que é feita segundo uma opção clara e lógica. Executada segundo a vontade do interessado e com alegria e prazer. Faço porque quero. E sei porque o desejo. A soma dessas dificuldades ou nutrenrolação é que no leva a repetir o mesmo tipo de dieta geração após geração. Nesta midiática Era, de forma destrambelhada milhares de pessoas buscam a dieta ideal e os motivos que as impulsionam a essa busca são os mais variados: para emagrecer, criar massa, estar na moda, conseguir mais saúde, viver mais etc. Encontrar a dieta que mais se ajuste às necessidades de cada um não é tão difícil. O problema está em praticar a dieta, pois desejamos decretar uma dieta, quase sempre ilusórias, fora da realidade e ditada por pessoas que estão em evidência na mídia: os nutrenroladores. Alcançar a ideal é uma conquista que pode e deve receber ajuda externa. No entanto, praticar uma dieta imposta por outra pessoa é de certa forma abdicar de uma condição que nos diferencia: a capacidade de decidir e de escolher com alegria e com prazer, além disso, como seres humanos temos coisas mais importantes a criar e a fazer do que ficarmos pesando o que vamos comer ou medindo calorias. A dieta ideal é simples, fácil de ser praticada e gratuita. Quer engordar, emagrecer ou tornar-se saudável? Pergunte ao seu corpo. Sim ele fala, às vezes, o coitado tem que gritar, berrar sob a forma de mal estar, dor – não dê um cala boca que não te perguntei nada, nele. Pára de tomar remédio e ouça o que seu organismo tem a dizer. Nota do Editor: Américo Canhoto é clínico geral, médico de famílias há 30 anos. Pesquisador de saúde holística. Usa a Homeopatia e os florais de Bach. Escritor de assuntos temáticos: saúde – educação – espiritualidade. Palestrante e condutor de workshops. Coordenador do grupo ecumênico “Mãos estendidas” de SBC. Projeto voltado para o atendimento de pessoas vítimas do estresse crônico portadoras de ansiedade e medo que conduz a: depressão, angústia crônica e pânico.
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