26/08/2025  02h23
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
15/12/2010 - 17h00
Comer, rezar, amar
Benedicto Ismael Camargo Dutra
 

Conversando com um colega que exerce a função de gerente numa importante empresa de serviços, disse-me o mesmo que os jovens estão sem esperanças de que a vida possa melhorar. Daí muitos deles desleixam nos estudos, demonstram falta de interesse pela vida e não poucos acabam resvalando para o uso de drogas.

Na verdade, atualmente esse estado de coisas é mais amplo e atinge jovens e adultos, de ambos os sexos, que necessitam de modelos que os levem a uma busca de sentido e de uma forma de vida mais significativa. O filme “Comer, Rezar, Amar”, baseado no livro autobiográfico da escritora americana Elizabeth Gilbert, conta sua história em busca de sentido para a sua vida após um divórcio, quando se sentiu vazia, desiludida e sem alegria de viver. Apesar de se tratar de situação semelhante à de muitas mulheres, o filme não chega a empolgar como modelo inspirador, devido à superficialidade dos personagens.

De fato, viajar e conhecer outras cidades e outras culturas é muito gratificante e enriquecedor. Mas, como ficam as pessoas que não podem viajar? Será que não conseguirão encontrar uma saída para suas aflições e a falta de alegria de viver?

Comer é uma necessidade do corpo como outras que precisam ser respeitadas e atendidas. E comer com satisfação, em boa companhia, com gratidão transbordante em alegria pelos frutos que a natureza nos oferece é majestoso, mas não podemos nos esquecer que garimpar obsessivamente pelas cozinhas e adegas não é a principal finalidade da vida.

Amar é o fundamento da nossa essência humana. Mas amar não é só o relacionamento sexual entre o homem e a mulher. Por isso, merece destaque a cena do filme em que Elizabeth, interpretada por Julia Roberts, afasta-se de um homem que tinha acabado de conhecer, o qual foi logo tirando a roupa na praia e oferecendo sexo, mas ela, mesmo estando só e deprimida, rejeitou a proposta do desconhecido, que representaria apenas um ato paliativo, sem sentimentos ou significado. O amor é uma das características que fazem o ser humano, incandescendo-o para atitudes de nobreza e heroísmo, elevando-o.

No amor puro, há o desejo de poder fazer algo bem grande para o ser querido, sem ofendê-lo nem magoá-lo, mantendo viva a mais delicada consideração. A trajetória da personagem no filme é inquietadora, originária da cultura em que “tempo é dinheiro”. Liz foi parar na Itália, onde em companhia de pessoas vazias, sem um querer definido, além de comer, dormir e se divertir, buscou experiências gastronômicas e diversão. Passou pela Índia e suas precariedades humanas, onde se esforçou para manter o silêncio. Indo a Bali, ela conversou sobre a vida com um simpático guru idoso e sem dentes, que recomendava a ela que sorrisse, com o rosto e todo o corpo, incluindo o importante fígado. Lá, ela se apaixonou e encontrou o seu atual marido brasileiro. No entanto, mesmo vivendo aventuras em diferentes países, a história não é contada de forma suficientemente envolvente, e o alongamento das cenas fez com que o público olhasse muito para o relógio e, no final, se levantasse rapidamente das cadeiras.

Apesar disso, observamos que Liz vivenciou boas experiências ao aprender a limpar a mente e reduzir os pensamentos inúteis, procurando sentir com clareza o seu querer mais íntimo. Como esclareceu Abdruschin, na Mensagem do Graal, o querer interior é o grande poder inerente ao espírito. A força ou o movimento do querer é que exerce a atração da igual espécie. Para fugir do desânimo e da depressão, os humanos precisam tornar suas vidas significativas, saber o que querem ter, ser, fazer, enfim, ter propósitos.

Quando isso não é cultivado, surge o produto de massa, inculto e sem muito preparo para a vida, que se submete a todo tipo de manipulação externa em suas motivações. Enfim, rezar tem sido compreendido como ficar repetindo e repetindo frases pré-elaboradas. Já o orar é um querer que vem do íntimo, é a busca pela Luz verdadeira, a iluminação, que fortalece e dá a esperança de que a melhora está a caminho e logo vai nos encontrar para reduzir as aflitivas condições em que nos envolvemos devido às nossas decisões ou omissões. Então, com paz e alegria, preencherão o nosso coração aflito.


Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra, graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, é articulista colaborador de jornais e realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Atualmente, é um dos coordenadores do www.library.com.br, site sem fins lucrativos, e autor dos livros Conversando com o Homem Sábio, O Segredo de Darwin e 2012... E Depois?. E-mail: bidutra@attglobal.net.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.