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Opinião
15/01/2011 - 12h05
O empresário e o consumo consciente do crédito
Carlos Alberto Pompeu de Toledo Soares
 

Segundo o indicador da Serasa Experian, a inadimplência do consumidor teve a quinta alta consecutiva no último mês de setembro e as expectativas apontam para a continuidade deste aumento.

Basta entrar numa agência bancária, ter um cartão de crédito, ou abrir uma correspondência em casa e estamos na mira de peças de marketing oferecendo facilidades para o crédito ao consumidor e também às empresas. Hoje o empresário não precisa mais sentar à frente do gerente de seu banco para justificar as razões de sua necessidade. Por ser fácil, tomar empréstimos pode se tornar uma atitude impulsiva e extremamente danosa. Ao tomar o dinheiro o empresário resolve de imediato o que lhe incomoda, o desconforto financeiro de sua empresa, porém, esse paliativo oculta ou desvia o foco do que seria importante descobrir e resolver - Por que o dinheiro não tem sido suficiente?

Rashi, rabino francês que viveu no século X, alertava: os juros cobrados no empréstimo são como picadas de cobra.

Peças de marketing como essas deveriam ser catalogadas como propaganda enganosa e seus responsáveis punidos por mentir deslavadamente dizendo ao consumidor ter os mais baixos juros de mercado, quando sabemos que o juro pago, num país como o nosso, sai da normalidade para uma oficializada agiotagem.

Para as coisas boas vivemos num mundo globalizado onde nos comparamos com o que há de melhor lá fora. O mercado é o mundo. Entretanto, se o assunto é juros, o mundo globalizado não existe.

Como consultor especializado na recuperação de micro e pequenas empresas com dificuldades financeiras, tenho visto o estrago que essas mensagens fazem, até mesmo a pessoas que nada tem de desavisadas.

Quando buscamos as causas das dificuldades financeiras das empresas que nos contratam, verificamos as questões de mercado, do produto, do preço e da forma de gestão. Em mais de 50% dos casos, o que descobrimos é um grau de endividamento alto e que, por vezes, chega ao descontrole e compromete a continuidade da empresa.

As razões comuns são bem diferentes das imaginadas pelos dirigentes: aquisição de automóveis financiados para uso do proprietário da empresa, máquinas para atender a uma demanda de produtos que nunca existiu, retiradas de sócio num montante correspondente à necessidade da pessoa física, independentemente de sua capacidade de geração da riqueza e, o grande vilão, novos empréstimos contraídos em volume cada vez maior com a intenção de honrar empréstimos anteriores.

Apesar de disporem do registro de todas as suas despesas, poucos são os empresários que se sentam para estudar esses apontamentos e avaliar o que não tem dado certo e a forma de proceder para corrigir. Conhecerão a essência do dito pelo também francês La Bruyére: “O aborrecimento entrou no mundo pela mão da preguiça.”

A utilização do crédito de terceiros é compreensível quando tratamos de soluções para problemas inesperados de curto prazo ou de aumentar a capacidade de investimento, desde que os retornos considerem todos os custos inerentes à operação.

Na era do empréstimo fácil e do cheque pré-datado, quando, como se diz por aí, empurramos o problema com a barriga, numa nunca realizável expectativa de que ele se resolva por si mesmo, alimentamos a ciranda dos lucros bancários e conseguimos aumentar a potência de nossa “dor de barriga”.

Consciente, por definição, é aquele que tem ciência, conhece bem o que faz ou o que deve fazer. Posto isto, o consumo consciente de crédito é aquele que serve para resolver problemas, nunca para afastar seus sintomas.


Nota do Editor: Carlos Alberto Pompeu de Toledo Soares, é diretor da Gcapts Consultoria, especializada em reestruturação empresarial. E-mail: gcapts@terra.com.br.

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