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SEÇÃO
Crônicas
17/01/2011 - 14h22
Quem poderia imaginar que seria assim...
Antonio Brás Constante
 

Janeiro de 2012 – Verão na América do Sul. Um sol forte e inclemente castiga as cidades em uma das tardes mais quentes de sol das últimas décadas. De repente uma luz forte irrompe dos céus ofuscando a luz do próprio sol, e de dentro desta luz surge uma gigantesca mão de quatro dedos, segurando um artefato que lembra algum tipo de cristal.

A luz solar é refletida através do imenso artefato cristalino, que concentra e intensifica os raios do nosso Astro-Rei gerando um feixe luminoso que vai queimando e derretendo tudo que toca. Lagos são instantaneamente evaporados. Lugarejos inteiros são varridos do mapa, uma cicatriz minúscula aparece na face de nosso planeta.

Sem qualquer motivo aparente, a mão gigantesca e brilhante solta o artefato cristalino que se choca contra as árvores da floresta Amazônica. Aos poucos a mão some em meio ao clarão, que também desaparece como se nunca tivesse existido. Se não fosse o artefato misterioso e os estragos por ele causados, poder-se-ia pensar que tudo aquilo não passou de uma ilusão coletiva.

O artefato alienígena tinha mais de dez mil metros quadrados de diâmetro arredondado. Extremamente resistente e feito com um tipo de material que apesar de ser parecido com cristal era de um composto totalmente desconhecido de nossa tabela periódica.

Logo após o evento as vozes de muitos começaram a vociferar que aquilo era apenas o começo do fim. Um aviso celestial confirmando todas as teorias sobre o final dos tempos (mesmo que nenhuma delas tenha citado algum tipo de mão gigante). Pesquisadores se reúnem em torno do artefato procurando decifrá-lo. Religiões são criadas tentando dar sentido aos acontecimentos e procurando acalentar as lástimas dos aflitos. Mas de uma coisa a grande massa populacional (influenciada por diversas teorias, manchetes e messias) tinha certeza, eles presenciaram um milagre. Um ato divino se fez presente entre a humanidade, e deveria ser glorificado acima de tudo, mesmo que tenha gerado catástrofes terríveis em sua breve passagem.

Como questionar o incompreensível? Era o que tantos diziam. Deveríamos apenas orar para que fossemos dignos de misericórdia, e para fortalecermos está corrente em busca de misericórdia para nossa própria existência, criaram-se templos dedicados à gigantesca mão de quatro dedos e do seu onipotente cristal aqui deixado de presente (mesmo sem ter-se identificado uma serventia apropriada para ele). Hinos de glorificação bradaram por todos os lados, por todos os povos, por todas as Nações. Em pouco tempo a humanidade transformara-se em devota convicta e fervorosa do ato supremo que surgiu na aurora do ano de 2012. E uma coisa os sábios afirmavam de forma resoluta: “Somente quem tivesse fé sobreviveria!”.

Mas se por um lado à espiritualidade aflorou, por outro o desejo de possuir tal artefato (para quem sabe através dele garantir alguma simpatia ou proteção) transformou nosso planeta em um barril de pólvora ambulante. O Brasil foi intimado a entregar o cristal gigantesco aos cuidados das grandes nações, que entre elas também se digladiavam para ver quem ficava com a guarda do talismã. Não demorou a estourar guerras e protestos pelo mundo. Bombas foram armadas a arremessadas, tudo sempre com um pano de fundo utilizando como pretexto principal que aquilo era necessário e pensando no bem maior da raça humana. E foi assim que em dezembro de 2012 tudo terminou...

Enquanto tudo isso acontecia em nosso torrãozinho de terra salgada. Em outro plano dimensional, perdido dentro do espaço-tempo, uma espécie de mãe alienígena repreende seu rebento de uma forma ininteligível, mas que poderia ser traduzida conforme segue:

- Joãozinho (tradução do nome “K’lipez##t6 RRR’yrrw%!gT”), quantas vezes tenho que lhe dizer para não ficar abrindo janelas tridimensionais para acessar planetas habitados, usando seus brinquedinhos para judiar dos bichinhos que vivem lá? E ainda por cima me perde o seu brinquedo, menino malvado!

- Poxa Mãe...


Nota do Editor: Antonio Brás Constante (abrasc@terra.com.br) é escritor.

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