- Oi, dona Mariinha! Dia bonito, sol lindo, hein? - Sol lindo, nada... Um calorão, isso sim! Credo! - Horário de verão... Eu adoro. E a senhora? - Deus me livre! Odeio! O dia num rendi, maió curriria pra lá, pra cá... - Bom, mas a senhora tá bem, né? - Tô nada, umas doraiada que só veno! Nas perna, nos braço, a cabeça nein si fala... - Coisas da vida, né? Vai se levando... - Levano coisa ninhuma... Genti véio tein é qui morrê memo... - Mas me conta, e a festa de aniversário? Que filhão, o Beto, hein? - Tava mais ou meno. Eu num ligo prêssis trein, sabe? Num gosto de surpresa... - Mas é bom dona Mariinha! Sinal que seu filho lhe quer bem... - Nada... Isso é consciênça pesada. O Beto se envorve cum namorada, esquece de mim, dispois fica quereno me agradá... - Pois é... E a casa, vai fazer a reforma? - Cá o quê? Cum quê dinhêro? Essa miséra de pusentaduria num dá pra nada! - Mas tá bom, né? Tem gente que não tem nem o que comer... - Tá bão nada, sá! Êssi guvêrno é um safado, sem vergonha... Pisa nus véio que nein nóis... - Bom, pelo menos a senhora tem um lugarzinho bom pra morar... - O quê? Isso aqui já foi bão... Agora tá valeno nada. Ninguém prega ôio de noite! Pura zuêra! - Sim, mas tem bons vizinhos, gente amiga, de confiança... - Ah, né assim não, minha fia! Cê querdita que a disgramada da Luzia andô fazeno umas fofoca no meu nome? - É? Não é possível! - Memo, minina! A Arzira me contô tudim, tudim! - Ah, mas deixa isso pra lá! Reza por ela... - Eu? Rezá? Dijeininhum! Parei quisso! Rezá... Capaiz! - Chi! Mas, mudando de assunto, que beleza da sua hortinha, hein? - Beleza nada! Era pra tá munto mió! Mái os ôio gordo num dêxa, né? - Ôio gordo, dona Mariinha? - É minha fia. Tá assim de gente puraí que só pensa trein ruim... - É... Tá mesmo, dona Mariinha! E eu quero distância... Fuiiiiii!!!
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