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Opinião
21/01/2011 - 13h15
Por que o dólar?
Ricardo Maroni Neto
 

“Quem não tem uma visão histórica dos fatos tem um ataque histérico com a realidade”. É a partir daí que se justifica o estudo da história econômica, uma vez que os fatos contemporâneos encontram eco nas ocorrências pretéritas.

Com a moeda não é diferente. Este bem econômico cuja origem remonta ao início da história da humanidade apresentou-se sob diversas modalidades. Foram moedas as mercadorias como o gado, o arroz, escravos, peles de animais, entre outros. Foram moedas os metais como ouro, prata, bronze, cobre e ferro, sob diversos formatos, até passarem a ser cunhadas pelos lídios no século VII a.C. Depois veio, com algumas alterações, a moeda papel, cujo lastro era o ouro que assegurava o seu valor. A partir de 1971 a moeda passou a ter como garantia a estabilidade da Economia a qual pertence.

Todos os bens usados como moeda assumiram as funções econômicas básicas de intermediação de trocas, de mensuração de valor e de reserva de valor. Pelo menos por algum tempo. Além disso, existe o aspecto social: a moeda deve ter aceitação geral. Desde o final da Segunda Grande Guerra uma moeda assumiu estas funções em escala mundial: o dólar. A questão é: por que o dólar assumiu este papel? A resposta vem com a visão histórica.

Até o início da Primeira Grande Guerra a principal potência econômica era a Inglaterra, tendo como concorrentes os alemães, os franceses e os americanos. Com a guerra a Economia inglesa entrou em declínio.

Os EUA, por outro lado, tem na Primeira Guerra Mundial uma grande oportunidade de negócios, que se traduz na expansão de suas exportações: US$ 2,4 bi em 1913 para US$ 7,7 bi em 1919. Como se não bastasse o aspecto comercial, a incerteza dos anos da guerra e dos seguintes forçou a fuga de capitais europeus para os EUA. Entre 1915 e 1930 o estoque de ouro nos EUA aumentou US$ 6,4 bi. Com a Segunda Grande Guerra o fluxo de capitais foi incrementado com as exportações de equipamento bélicos.

Ao término da Segunda Grande Guerra os EUA eram a única grande Economia industrializada cujo parque industrial continuava intacto. Além disso detinham 2/3 da oferta mundial de ouro, o que os colocava em condições de financiar a retomada econômica.

Assim, os recursos americanos foram bombeados por quatro canais. O primeiro foi as transferências via Banco Mundial, destinadas a reconstrução da Europa. O segundo canal foi os empréstimos bilaterais, conhecidos como Plano Marshall, sendo justificados pelo temor da expansão comunista. O terceiro canal foi a construção e a manutenção de bases militares na Europa. O quarto canal foi a implementação de investimentos, de empresas americanas.

Conjuntamente com a injeção de dólares na Economia mundial houve o incentivo ao comércio por meio do regime cambial fixo ou Sistema Bretton Woods.

Por este regime cada US$ 35 era lastreado por 28,249 gramas de ouro e servia para incentivar o comércio mundial.

O efeito real deste fluxo financeiro foi a reconstrução da Europa, a recuperação e o desenvolvimento de setores produtivos importantes, o que resultou no crescimento econômico nos 25 anos que se seguiram ao final da Segunda Grande Guerra.

O efeito financeiro foi a inundação de dólares no mercado internacional. No princípio dos anos 70, havia US$ 50 bi em moeda para US$ 10 bi em ouro estocado. Além disso, a emissão de dólares que seriam esparramados pelo mundo, exportava inflação para os outros países. Esta situação colocou a moeda americana pela primeira vez em xeque, pois ameaçava a função de reserva de valor.

Os efeitos desta crise foram: o rompimento dos EUA com o Sistema Bretton Woods e a adoção de regimes cambiais flexíveis, a desvalorização do dólar favorecendo negociações com moedas de poder aquisitivo maior.

Muito bem, esta história é passado, mas continua presente: o dólar desvalorizado, a busca por moedas mais estáveis, a importação mais barata e a redução da produção industrial interna. Paira sobre as nossas cabeças a espada de Dâmocles.


Nota do Editor: Ricardo Maroni Neto, economista, Professor do Unifieo e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia - IFSP, autor do Livro Manual de Gestão de Finanças Pessoais é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – Geceu.

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