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Crônicas
30/01/2011 - 17h00
José, o atendimento do SUS e o remédio ‘grátis’
Carlos da Costa
 

Impaciente e inconformado, sem ter ao menos uma revista velha de fofocas para ler, dessas que são comuns se encontrar em consultórios de médicos particulares, seu José aguardava o médico do Sistema Único de Saúde. Andando de um lado para o outro e querendo encontrar alguma coisa para passar o tempo, seu José, que estava com a ficha número quatro, esperou o médico chegar com quase duas horas de atraso.

O médico entrou, como que pisando em ovos, passou direto e seu José o olhou de cima à baixo e voltou seu olhar para o relógio em seu braço esquerdo, como querendo dizer: “isso é hora de começar a atender?”. Mas se conteve e nada falou.

- Que entre o primeiro paciente - dizia o médico.

- Que entre o próximo... e o próximo - repetia o médico.

Chegou finalmente a vez de seu José ser atendido. Ele entrou meio desconfiado e irritado ao mesmo tempo pelo tempo da espera e sem ter uma só revista, velha que fosse para ler.

- O que o senhor está sentindo seu José... é José Flores mesmo o seu nome? - perguntou-lhe o médico.

Ao que José Flores lhe respondeu:

- É... é sim. Mas as “flores” já ficaram secas pela longa espera pelo senhor doutor!

- Conte-me o que o senhor está sentindo seu José.

Enquanto o seu José falava, contando as dores no estômago que sentia, o médico baixou a cabeça e começou a anotar uma receita, com a “letra de médico” mesmo.

Foi só o seu José terminar de falar, sem qualquer exame prévio, toque, verificação de qualquer sintoma que fosse, o médico já o tinha receitado.

- O senhor tem verminose, seu José. Tome esse remédio três vezes ao dia e depois volte aqui comigo... Tome no café, no almoço e na janta.

- Não dá doutor... - respondeu seu José. De modo franco e direto.

- Por que não dá, seu José - quis saber o médico e continuou. - Se o senhor não tem dinheiro para comprar os remédios, eu tenho umas “amostras grátis”. Tome aqui. - E estendeu o braço com a mão cheia de remédios “amostras grátis”.

Seu José recebeu os remédios e voltou a dizer:

- Doutor, continua não dando!

- O que aconteceu agora seu José? Já lhe dei as pílulas e agora, o que falta mais? - quis saber de novo o médico.

- É para tomar uma pílula no café da manhã, outra pílula no almoço e uma terceira pílula no jantar... continua não dando! - respondeu seu José.

- Todas as pílulas eu estou lhe dando, o que falta agora? - mais uma vez quis saber o médico.

- Sabe o que, doutor. Não dá porque lá em casa quando se toma café não se almoça e quando se almoça não se janta, confessou seu José, meio desconfiado e foi embora.

Essa, infelizmente, ainda é a realidade de muitos brasileiros hoje em dia. Mas poderia não sê-lo mais.

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