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Opinião
14/02/2011 - 17h06
Paçoca e rapadura
Zóia Vilar Campos
 

A paçoca, carne de sol assada e desfiada, amassada no pilão com farinha de mandioca ou de milho, compunha o farnel de viagem dos sertanistas brasileiros, entre os séculos XVII e XIX.

Prato de alto teor nutritivo, de fácil preservação, ideal para as longas viagens pelo interior do Brasil.

Também, fazia parte da composição da bagagem dos nossos viajantes a rapadura. A rapadura é o melaço solidificado, um subproduto do açúcar, fabricado nos engenhos coloniais. Ela era utilizada para adoçar as bebidas, como sobremesa e para enganar a fome nos intervalos das refeições. Junto com a paçoca serviu de base alimentar para esses homens empreendedores, para os mais pobres e para os escravos.

Estes alimentos eram levados em grandes e pequenas viagens em sacos de algodão e bruacas de couro sobre as cavalgaduras. Quando os tropeiros sentiam fome enfiavam a mão nos sacos, retiravam um punhado de paçoca ou um pedaço da rapadura e colocavam-no na boca.

Hoje, esta dupla essencial nas viagens e no trabalho dos homens dos séculos passados está muito distante do nosso cotidiano, principalmente, na região Sudeste do Brasil. É vista até certo ponto como exótica, talvez, devido ao nosso imaginário, que a associa aos despossuídos e aos escravos, as minorias. Porém, quando a experimentamos, as nossas restrições e diferenças desaparecem. Todos se apaixonam pelos seus sabores.

No mundo global estas particularidades, estes regionalismos, devem ser observadas com muito cuidado e ao mesmo tempo explorados. Podem ser transformados em negócios interessantes, na medida em que agregarmos aos produtos valores e tecnologias. A nova revolução, a sociedade da informação, a globalização não integrou apenas a economia mundial, abriu caminho para as entidades artísticas, para a arte de cozinhar, para as localidades, para os desiguais, os diferentes.

O grande desafio do Brasil do século XXI é integrar-se à economia mundial, e, concomitantemente, transformar os diferentes em novos materiais, em instrumentos sinônimos de modernidade, de progresso, fruto da união da universidade com a sociedade e as empresas, em busca de inovação e de tecnologia. Só, assim, diminuiremos as desigualdades entre os países do Norte e Sul do globo terrestre. Necessitamos explorar as regionalidades. Aglutinar valores aos nossos produtos, tornando-os competitivos nos mercados.


Nota do Editor: Zóia Vilar Campos é historiadora, pós doutora pela Universidade de São Paulo – USP, autora dos livros, Doce amargo e A trajetória dos empreendedores italianos em São Paulo: de colonos a usineiros (1876 – 1941). Professora e membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo - Geceu.

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