A declaração do imposto de renda – hoje em entrega à Receita Federal – só pode ocorrer por meio eletrônico, na internet ou em CD. Os bancos estão oferecendo a seus clientes a conta sem custo operacional desde que seja movimentada exclusivamente pelo meio eletrônico (internet ou cartão). Praticamente todas as atividades, quase obrigatoriamente, estão migrando para dentro do computador e da rede. Hospitais, laboratórios, repartições públicas, escolas e veículos de comunicação, mesmo continuando com seus módulos tradicionais, também disponibilizam seus conteúdos e atividades pelo meio eletrônico. Isso encurta distâncias, diminui o consumo de combustíveis, ameniza o congestionamento do trânsito, reforça a segurança e faz a informação circular à velocidade da luz. Mas, para ser eficiente, carece de um efetivo programa governamental de inclusão digital. Muitos brasileiros, de meia e avançada faixas etárias, só trocaram a boa e velha máquina de escrever pelo desconhecido e temerário computador depois que as empresas com quem trabalham aderiram à tendência adotaram a tecnologia. Aos poucos, nas últimas duas décadas, o microcomputador passou de mero instrumento de loucos metidos a avançadinhos a indispensável ferramenta de trabalho desde a grande corporação até a microempresa. Estabeleceu-se uma nova realidade em que, para conseguir um emprego, o candidato tem, obrigatoriamente, de conhecer o básico da informática porque, fatalmente, será obrigado a mexer num teclado ou a utilizar processos informatizados em máquinas da empresa onde for atuar. Os primeiros computadores pessoais surgiram no mercado brasileiro na segunda metade dos anos 70. A grande revolução no setor ocorreria a partir de 1981, com o surgimento do padrão IBM-PC, mas os brasileiros ficaram por aproximadamente uma década privados de boas máquinas (ou as obtinham via contrabando) porque a política brasileira para o setor privilegiava a produção local e restringia as importações. Com a abertura do governo Collor, a informática chegou a fez muitos estragos, pois assumiu abruptamente posições que deveria ter ocupado durante os anos. Hoje, com computadores iguais os existentes em todo o mundo e internet, o Brasil vive a realidade global, mas tem de cuidar da inclusão. Nenhuma escola, especialmente as da rede pública, poderá se considerar completa sem capacitar seus alunos para o uso básico do computador e da internet. Mesmo que seja excelentemente formado nas outras áreas do conhecimento, se não dominar o computador e a rede, o indivíduo poderá ser considerado um analfabeto funcional e nem conseguira bom relacionamento social, pois a ferramenta, abrange hoje a todas as áreas do conhecimento e da vida. O Brasil tem uma grande dívida social nesse setor. Além de treinar os jovens que vão entrar e os trabalhadores que já estão no mercado, há que se incluir o povo, até os mais idosos, para desfrutarem dos benefícios da informática e da internet. Além de treinar para o uso, é necessário proporcionar computador e acesso à rede por preços baixos, até subsidiados, se necessário. Os benefícios justificariam os investimentos... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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