Historicamente a mulher na maior parte do tempo foi submetida ao homem. Primeiro ao pai e depois ao marido. No Brasil colonial os senhores de engenho exerciam sobre a mulher e os filhos um domínio verdadeiramente tirânico, determinava o que eles deveriam fazer, sob pena de recorrer, inclusive, à força bruta. Na época da usina de açúcar, a mulher aos 30 anos, se não tivesse casado, já era considerada solteirona. Estava no caritó e condenada a ocupar, após a morte dos pais, na casa dos parentes, uma posição de subordinação, que se aproximava a condição de governanta, mediante a administração doméstica e o cuidado com os sobrinhos e os afilhados. O sexo frágil também foi alvo dos usineiros na luta pela manutenção do patrimônio e vítima de crimes bárbaros. Foi o caso do crime da usina Estreliana, em Pernambuco. Os proprietários eram dois irmãos. Um faleceu e deixou a viúva como herdeira. Esta se apaixonou pelo administrador da usina e pretendia se casar com ele. Diante da certeza da impunidade, o cunhado mandou assassiná-la para impedir o casamento e preservar o patrimônio familiar. Ainda bem que os tempos mudaram. Uma mulher acabou de ser eleita presidenta da República Federativa do Brasil. Porém, as mulheres precisam perseverar na luta, com o intuito de ocupar melhores postos na sociedade e obter salários iguais aos homens para igual trabalho. Apenas cinco das maiores empresas em receita/vendas, com faturamento anual bruto entre R$ 90 milhões e R$ 300 milhões, têm uma mulher na presidência (FSP, 28/01/2011). Não se pode continuar ouvindo a celebre frase: por trás de um grande homem existe uma grande mulher. O ideal é o equilíbrio nas relações entre os sexos. Só assim a sociedade atingirá desenvolvimento pleno. Nota do Editor: Zóia Vilar Campos, historiadora, pós doutora pela Universidade de São Paulo – USP, autora dos livros, Doce amargo e A trajetória dos empreendedores italianos em São Paulo: de colonos a usineiros (1876 - 1941) é professora e membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo - Geceu.
|