Sabe um daqueles dias, que ao decorrer dele você percebe que nem deveria ter levantado da cama? Aliás, levantar da cama já foi com você perdendo o horário... ou o despertador não tocou ou aqueles cinco minutinhos viraram vinte. Você faz tudo na correria, não consegue achar a roupa ideal, na verdade, detesta qualquer roupa, pois parece que, naquele dia, tudo o que você olha é horrível. Tenta pensar que roupa vai usar escolhendo o sapato primeiro. Olha para os pares e parece que eles estão rindo de você. Opta por algo discreto, depois pensa que está muito clean, busca um acessório. Já não dá mais tempo, o relógio está gritando para você. Vai assim mesmo. Sai com aquela sensação de que está esquecendo alguma coisa... o que, batendo na testa, vai descobrir depois, já bem longe de casa que esqueceu mesmo. Paciência! E será o que você irá lutar para não perder. Vai trabalhar e já chega totalmente sem graça. Qualquer coisa que disser parecerá uma desculpa esfarrapada e, como num tribunal, será usada contra você. O pior é que parece que todos estão olhando para você com “aquela” cara e até aquele que vem sorrindo estará sendo irônico. Enfrentar, fazer o quê? Você, que chegou depois de todo mundo, tem que se esforçar para entender (e fazer que entendeu) o que os outros, que já estão “na maior pilha” estão falando. Alguém diz que você tem que entregar alguma coisa para ontem, outro diz que tem algo errado com o serviço de ontem e, apesar da vontade de confirmar se realmente o erro foi seu, dá uma bufadinha leve, quase como um suspiro e prefere fazer o serviço urgente. Sorri e diz que está tudo bem. Tenta acelerar... e começa a trabalhar. Quando se dá conta, está com fome, afinal mal tomou o café. Fica na dúvida se deve ou não parar para um cafezinho (ou chá, ou suco). Decide que é melhor nem sair de sua mesa para não parecer mais ainda uma pessoa folgada. Come qualquer coisa que esteja por perto (armário, gaveta, bolsa, mochila...). Você, enfim, consegue se concentrar na tarefa e seu chefe chama para perguntar uma coisa que não tem a menor importância. Você sorri, mas não diz nada inconveniente. (Ah! Se a gente pudesse falar tudo o que pensa.) Responde o que ele quer ouvir, espera que ele lhe dispense logo e volta correndo para tentar pegar o fiozinho da concentração que está escorrendo pelo chão. Quando vê, a hora voou e já é hora do almoço. Mais uma vez você fica em dúvida: sair para almoçar, comer um lanche ou pedir para entregar. Você só não pede para entregar porque vai demorar e seu estômago está nas costas. Fica com o lanche. Não come, atropela! Volta e tem um momento de paz que logo é quebrado pela cobrança do serviço urgente. Não deu tempo nem de ler seus e-mails. Você corre e consegue terminar o serviço. Sente-se aliviado e, já que está no gás, consegue resolver o outro problema. Não foi tão ruim!!! Seu chefe, dessa vez, vai até você e diz que o serviço urgente tem que ser refeito, pois não está do jeito que ele precisa. Vocês entram em um acordo e começa a refazê-lo. Claro, não sem alguém querendo tirar uma dúvida, outro querendo bater um papo, o telefone que toca... e a hora passando. Finalmente você termina a tarefa. Já é quase fim do expediente. Você, a caminho da sala do chefe o encontra indo embora. Você corre com o trabalho na mão e ele, simplesmente diz que não precisa mais e vai embora. Você dá meia volta, joga tudo na sua mesa, pega suas coisas e vai embora. Lembra-se que tem que passar no mercado. Pensa em desistir, mas realmente não dá. Chega no mercado, pega um carrinho que fica com a roda travando. Tenta lembrar o que tem que comprar. Vai para a fila e, quando chega sua vez, a moça tem que trocar a bobina. Após alguns longos minutos consegue passar a compra. Quando está quase chegando em casa, outra batida na testa só que dessa vez acompanhada de alguma expressão sonora. Lembra-se de que esqueceu o que realmente tinha que comprar. Chega em casa e alguém quer conversar. Você não está com a mínima vontade. Diz que vai tomar um banho e cair na cama e é o que faz. Deita-se e pensa: “Graças a Deus esse dia terminou”. Fecha os olhos, está tão cansado! E, sem mais nem menos, perde completamente o sono. * Ainda bem que a probabilidade de acontecer tudo isso num dia só é mínima... (???)
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