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Opinião
11/03/2011 - 17h08
O êxodo na polícia paulista
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A indiferença do governo, o descaso com a valorização de sua função e a baixa remuneração de seu pessoal, constituem, sem qualquer dúvida, o maior problema vivido hoje pelas polícias paulistas. Delegados e escrivães da Polícia Civil e oficiais e praças da Polícia Militar, profissionais vocacionados, que outrora protestavam, lutavam por melhores salários e, por conta disso, faziam operações-padrão e ameaçavam greve, estão apáticos. Desmotivados, procuram migrar para outros estados que pagam melhor seus policiais ou, então, prestam concursos para as polícias Federal e Rodoviária Federal ou ingresso nas carreiras de promotor, juiz de Direito e outras que apresentam salários mais atraentes.

Melhorar de vida é um direito de todo profissional. Mas isso se torna perigoso às instituições quando grande número de seus integrantes toma o mesmo rumo. Responsáveis por garantir a segurança dos habitantes de São Paulo, o estado mais rico da federação, as polícias Civil e Militar proporcionam treinamento e especialização a seus integrantes, através de concursos de ingresso e cursos remunerados desenvolvidos por suas academias, que tanto formam quanto reciclam o pessoal. Todo esse investimento, feito com dinheiro público, acaba perdido, quando o profissional troca a corporação por outra carreira ou muda para outro estado. Mas pior que isso é a indisponibilidade de mão-de-obra com idêntica qualificação para a substituição imediata. Os claros nos quadros policiais são testemunhas e já começam a preocupar, pois existem vagas que demoram seis anos para preencher.

É flagrante o número de policiais que, por falta de perspectiva, em vez de focar sua vida na própria carreira, nela permanece apenas provisoriamente, usando-a como trampolim, aproveitando os estudos e a alta especialização custeada pelo estado. Eles estudam em paralelo para alçar vôos maiores, pois não encontram na polícia aquilo que almejam. O quê no passado era apenas uma opção dos mais arrojados, a cada dia se torna caminho natural a todos, e quem padece é a população que paga seus impostos e, por negligência do gestor, não recebe a segurança esperada. Foi-se o tempo em que as equipes e tropas eram motivadas a fazer o melhor. Hoje apenas cumprem a obrigação até chegar a hora de migrar.

O salário ruim do policial é resultado de sucessivos governos insensíveis que, mesmo operando o mais abastado estado brasileiro, fizeram ouvidos moucos às necessidades do profissional de segurança pública. Enquanto o governo federal e outros estados valorizavam seus policiais, São Paulo negava reajustes aos seus e, quando não conseguia mais ignorar o problema, recorria a abonos que não se incorporam aos salários e servem mais para instabilizar do que para pacificar a classe.

A evasão dos quadros já é um problema instalado e a dificuldade de reposição é preocupante. Está na hora das autoridades estaduais paulistas atentarem para o problema e buscarem a reequalização e o reenquadramento salarial de todos os seus policiais. Se não o fizerem, o caos logo se instalará no setor e os prejuízos serão inevitáveis tanto ao governo quanto à comunidade.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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