Dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar... O Santos FC não só contraria essa “regra”, como também é o time com maior incidência de raios da história! É assim desde os tempos de Araken e Feitiço, e sempre, no mínimo, em duplas: Pelé e Coutinho, Pita e Juary, “Chulapa” e Paulo Isidoro, para citar apenas alguns exemplos de maior voltagem. E esses “raios”, além de assustarem os visitantes de Vila Belmiro, também provocaram estragos nos campos adversários que, como o “Dick Vigarista”, a cada lance genial e gol deviam esbravejar: “Raios! Raios duplos!! Raios triplos!!!” Era futebol-arte com objetividade! Só que essa mesma arte luminosa e cheia de energia, que já havia dado três Copas do Mundo e os dois primeiros títulos mundiais interclubes ao Brasil, de repente deixou de agradar à Seleção Brasileira. Alguns de seus “técnicos” chegaram a dizer que o jogador bom, aqui, só o seria, para eles, se jogasse fora do Brasil... Mesmo assim, Giovanni, Pita e Diego não tiveram o espaço que mereciam na Seleção Brasileira, pois seus dirigentes desprezavam a inteligência, que abre espaços e enxerga onde ninguém mais vê, em nome da covardia tática, previsível, e passes laterais, que dependiam de craques fora-de-série, como Romário, em 1994, para sair da mediocridade. Foi quando, em 2002, o Santos FC revelou uma nova safra de “raios”, com nova dupla: Diego e Robinho, que deu um choque energético no futebol brasileiro e recolocou o alvinegro santista no “Olimpo”, para onde já devia ter retornado em 1995. Em 2010, Neymar e Ganso, assumiram a função de soltar raios, relâmpagos e trovões, fazendo tremer as defesas adversárias: um com a irreverência, outro com incomensuráveis: inteligência e técnica, dignas de Ailton Lira e Pita, somados. Só que, para infelicidade do futebol, Paulo Henrique contundiu-se com gravidade. Ficou quase sete meses afastado dos gramados, com o Santos “gramando”, depois de um primeiro semestre fulgurante, com tantos raios partindo as redes dos adversários, que o grande Thor deve ter ficado envergonhado. Aí vieram discussões sobre valorização, expectativas sobre como ele voltaria, especulações envolvendo empresários, times do exterior e arquirrivais. Mesmo afastado, Ganso era notícia e todos sentiam sua falta nos estádios! Mas, era preciso cuidado com a recuperação do corpo, já que a mente, precocemente madura e brilhante, era garantia da volta de sua magia, soltando faíscas. Mas, será que é possível armazenar a energia dos raios? Bastaram poucos minutos, no jogo contra o Botafogo, para provar que, no caso de Ganso, sim! Um passe fulminante, um gol e nova energia ao time, mostrando que, parafraseando a música de Djavan: Ganso “é como um raio, galopando em desafio: abre fendas (espaços para lançamentos e toques por entre as pernas), cobre vales (passes por cobertura), revolta as águas dos rios”. E revoltou, mesmo! Pois os marcadores o perseguiram, mas, sem notar que Paulo Henrique, mudando da mitologia nórdica para a grega, parecia Zeus, lançando raios a granel e mostrando que: “Quem tentar seguir seus passos, se perderá no caminho”, do Djavan para o “déjà vu”. Caro Paulo Henrique: Sei que o mundo te espera e vai ser difícil te segurar por aqui, ao menos por muito tempo. Mas fica mais um pouco, cara, para que o futebol-arte volte a iluminar o alvinegro praiano e a Seleção Brasileira, ofuscando nossos adversários! Ganso “is back”, embora no ataque! (essa foi de doer...) Seja bem-vindo, Ganso! O Santos e futebol brasileiro merecem e agradecem! Nota do Editor: Adilson Luiz Gonçalves é mestre em educação, escritor, engenheiro, professor universitário (UNISANTOS e UNISANTA) e compositor. E-mail: prof_adilson_luiz@yahoo.com.br.
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