As explosões recentes ocorridas na usina nuclear de Fukushima Daiichi, no Japão, deixam o mundo ainda mais alerta sobre o uso de substâncias radioativas. Entretanto, há muitos benefícios no seu uso. Um deles é na Medicina Nuclear que, através de exames, consegue diagnosticar até um câncer nos estágios iniciais. “A Medicina Nuclear é um forte aliado para médicos e pacientes, podendo descobrir precocemente doenças e identificar o melhor tratamento. Isso significa mais chances de cura e qualidade de vida”, afirma o médico especialista em Medicina Nuclear, Dr. Carlos Cunha da Quanta Diagnóstico e Terapia.

Uma das mais avançadas tecnologias na área de diagnóstico por imagem nuclear é a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET/CT), que muda a forma de abordagem terapêutica em cerca de 30% dos pacientes com câncer. “Com essa informação, qual o paciente com câncer, que tem esse potencial de mudança na estratégia de tratamento, não gostaria de fazer um exame de PET/CT, se este estiver disponível e houver indicação médica?”, pergunta o médico especialista em Medicina Nuclear, Dr. João Vítola, diretor da Quanta Diagnóstico e Terapia.

Materiais radioativos, como o tecnécio, tálio, flúor e gálio, são a base dos exames de Medicina Nuclear. O médico explica que na medida certa essas substâncias trazem benefícios. “A quantidade de material radioativo é tão pequena que não faz mal ao paciente”, garantem o especialista.

A grande diferença dos diagnósticos é que a tecnologia nuclear possibilita poder visualizar os órgãos ou determinadas partes do organismo de uma maneira tridimensional. Assim, avalia não apenas a parte anatômica, mas também a funcionalidade de determinado órgão, incluindo fluxo, permeabilidade e distribuição de fluidos de órgãos ou tecidos.

O Dr. Carlos Cunha explica que esses exames não são substitutos de outros de imagem, mas complementares. “Cada tipo de tecnologia proporciona uma informação e, muitas vezes, é necessário unir os dois resultados para se obter uma informação mais precisa”, explica.

Por dentro dos exames

A Medicina Nuclear atua por meio de uma substância radioativa que é injetada na veia ou ingerida pelo paciente. A quantidade de energia liberada pelo material radioativo é a menor possível, apenas o suficiente para fornecer a informação diagnóstica necessária. Esse material vai ser concentrado e/ou metabolizado por um determinado órgão, e a pequena quantidade da substância radioativa injetada no paciente será rastreada pelo equipamento, sendo possível que esse órgão seja visualizado e estudado.

O equipamento enviará as informações obtidas para um computador e um software especializado faz o processamento dessas imagens, transformando-as em curvas ou em números, quando necessário.

Exames mais comuns e suas indicações

Cintilografia óssea: Pode ser usada para detectar metástase óssea, que pode ocorrer após algum tipo de câncer. A cintilografia óssea é usada também na Medicina Esportiva, no caso de atletas que apresentam dor na parte inferior da perna, que pode ser resultante de fissura no osso (fratura de stress). Pessoas com próteses de quadril e de joelho que apresentem algum tipo de reação e casos de tumor ósseo são outros exemplos da indicação da cintilografia óssea.

Cintilografia renal: Utilizada para estudo de comportamento e também para diagnóstico de estenose de JUP (estreitamento no canal que liga o rim à bexiga, prejudicando a eliminação da urina pelo rim). Com o exame é possível identificar ainda se esse canal está dilatado ou obstruído e assim, encaminhar para o tratamento adequado. Além disso, a cintilografia renal identifica cicatrizes nos rins causadas por pedras ou por alguma infecção urinária.

PET: O PET - Tomografia por Emissão de Pósitrons - é um exame específico para identificar o metabolismo das células do tumor, antes delas serem visíveis em outros exames. É possível fazer o mapeamento do corpo em uma visão espacial tridimensional. O exame é indicado para detectar cânceres de pulmão, pâncreas, cólon, pele (melanoma), mama, ósseos, linfomas, entre outros. “Esse exame, além de possibilitar um diagnóstico antecipado de uma possível recidiva da doença, pode mudar o tratamento em cerca de 30% das pessoas”, aponta Dr. João Vítola.

Cintilografia cerebral: Possibilita a pesquisa de demências, principalmente o Alzheimer. O exame pode ser determinante para indicar o tratamento e diminuir a progressão da demência. A cintilografia cerebral também é usada para identificar focos de epilepsia, entre outros problemas.

Cintilografia pulmonar: A principal indicação da cintilografia pulmonar é detectar a embolia pulmonar. A quantificação de áreas pulmonares não-funcionantes também pode ser feita.

Cintilografia de perfusão miocárdica: É uma forma de avaliar o fluxo de sangue para o miocárdio. O exame atua como um estratificador de risco, identificando as áreas do coração que estão recebendo fluxo sanguíneo insuficiente em repouso ou durante o esforço. O resultado pode ser decisivo para encaminhar o paciente para o tratamento necessário. "Uma investigação mais profunda pode ser um grande auxiliar na identificação precoce da doença, na orientação do tratamento e para a prevenção do infarto e da morte cardíaca precoce", explica Dr. Cunha.

Cintilografia de Tireoide: Avaliação da função tireoideana e avaliação de nódulos tireoideanos. Por meio do estudo do comportamento do nódulo é possível indicar o melhor tratamento.

Cintilografia com gálio: Diagnósticos de tumor, linfomas, melanomas e diagnósticos de infecção óssea são alguma das indicações da cintilografia com gálio.