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Opinião
28/03/2011 - 12h00
Os humanos e as máquinas
Benedicto Ismael Camargo Dutra
 

Ao nos depararmos com a intensa luta pela vida, somos assaltados por sentimentos inexplicáveis. Tem-se a impressão de que na Terra não há mais amor nem consideração. Uma enorme pressão paira sobre as cabeças, mantendo a atemorização. São muitas pessoas. Muitas bocas para alimentar. São muitas obrigações a serem cumpridas num tempo cada vez mais curto.

Vivemos a tirania dos resultados. Lucro é o que interessa. Custo é pecado. Experimente reclamar de problemas técnicos com sua TV por assinatura, seu Speedy ou qualquer outro serviço. Vai encontrar a barreira da voz da máquina que consome um tempo enorme com superficialidades até que você possa dizer qual é o problema que o atinge.

As novas gerações estão sendo compelidas para os ditames das máquinas insensíveis que exigem volumoso investimento, mas engolem custos com mão de obra sem se preocupar com as dificuldades dos clientes. As novas gerações não estão recebendo as experiências dos mais velhos, o que lhes acarreta aumento da insegurança. A sua habilidade para lidar com as máquinas não é suficiente para que aprendam a raciocinar com clareza.

Não será com o maior adestramento no uso das máquinas ou seu implante nas mentes dos humanos que aumentaremos a eficiência. O fortalecimento humano deve partir de dentro para fora. Nesse sentido, o contato com a natureza e o estudo das artes é o que há de melhor, pois aguça e refina sensibilidades que máquina nenhuma será capaz.

Se não atentarmos para a necessidade do refinamento da sensibilidade, corremos o risco de nos transformarmos em pessoas rudes, completamente insensíveis ao sofrimento alheio, dispostas a tudo para vencer e anular o outro, usando de todos os estratagemas para que ele não se sobressaia evidenciando qualidades próprias, que possam nos colocar sob a ameaça de um outro para obter o que queremos. No cenário da produção e comercialização de bens e serviços, equilíbrio e serenidade, generosidade e justiça, são valores imprescindíveis para a construção de um ambiente mais humano.

As riquezas são ofertadas pela natureza para o progresso de todos. Misérias e ignorância não deveriam existir, mas tão somente o continuado avanço na melhora da qualidade humana. Agora, as turbulências estão interferindo profundamente no comportamento das pessoas que se mantiveram acomodadas por longo período, imobilizadas por uma liderança despótica e manipuladora, sem comprometimento com o progresso da população. É o caso das revoltas na Tunísia, Egito e Líbia. Cansadas de esperar por melhoras, partiram para o confronto, provocando mortes e destruição.

Líderes que agem como máquinas sem coração, que só pensam em si, no seu conforto e em sua sede de poder, no aumento de sua riqueza e na conservação do poder conquistado, sempre acabam provocando revoltas e tragédias. Não existe mágica. Quem conhece o funcionamento das leis naturais da Criação jamais manifestará a esperança pueril em fantasias que nunca poderão se realizar.

Charles Ferguson documenta no filme Trabalho Interno (Inside Job) como o comportamento da elite financeira provocou, em 2008, uma crise econômica de proporções globais na qual milhões de pessoas perderam suas casas e empregos, exigindo um gasto de 20 trilhões de dólares. Líderes do mundo financeiro, político e acadêmico não tiveram a postura que a verdadeira liderança requer, iludindo a população descuidada, pensando apenas em si e em seus egoísticos objetivos, gerando terríveis incertezas para o futuro da economia mundial. Ferguson mostra que as autoridades defenderam os próprios interesses e permitiram excessos na especulação. Com desalento, ele constata que, também na nação ‘líder’, as novas gerações estão recebendo educação de qualidade inferior à de suas antecessoras.

Para uma mudança de rumos, se faz necessária uma mudança de atitudes. Os líderes precisam oferecer uma visão compartilhada de conquista de um futuro melhor para todos, com o esforço de todos, com saúde, educação, e continuada melhoria na qualidade de vida da população.


Nota do Editor: Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP. Colaborador de importantes jornais, coordenador dos portais Library e Vida e Aprendizado. Realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida, da busca pela boa formação pessoal e do contínuo aprendizado, indispensável ao aprimoramento humano. Autor dos livros: "Nola, o manuscrito que abalou o mundo" – Editora Marco Zero/Nobel, "Conversando com o homem sábio", "O segredo de Darwin" e "2012... e depois?", disponíveis na Livraria Cultura e Asabeça. E-mail: bidutra@attglobal.net.

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