A figura do porteiro nos condomínios sempre foi muito conhecida por ser a de um amigo sempre disponível para ajudar o morador. Na São Paulo de outrora, ele recebia correspondência, encomendas e evitava, de forma não muito profissional, que estranhos entrassem no condomínio. As portarias eram no corpo do prédio. Hoje não é mais assim. A guarita é separada, blindada e tem de acompanhar, pelo sistema de segurança, o que está acontecendo em todo o condomínio. Pelo insulfilme, quem está ali não pode ser visto de fora. Acompanhando essas mudanças, o perfil do porteiro também mudou. Atualmente ele é muito mais exigido no que diz respeito a tecnologia e precisa estar preparado para novas mudanças nessa área. Com o desenvolvimento das cidades e o aumento da violência e dos assaltos, esse profissional passou a ser peça chave na segurança dos prédios. Em serviço, não pode mais distrair-se. Não pode mais assistir ou ouvir o futebol no tédio das tardes de domingo. Estas são muito perigosas. Perigosas são também a manhã, a tarde e a noite dos sete dias da semana. O perigo é diuturno. Não importa se quem está na guarita é o zelador ou o folguista ou mesmo o faxineiro. Na guarita todos são “porteiros”. Todos devem vigiar o entorno com um nível de atenção especial, para que os condôminos possam divertir-se no salão de festas, em torno da churrasqueira ou assistindo o jogo e a novela. Quem está na guarita não é um samurai, mas precisa comportar-se como um. Mesmo assim, ele é vulnerável. Samurais não são invencíveis. Há que se criar um sistema high tech para que, da guarita, o porteiro ou quem o substitua possa impedir a invasão de pedestres e dos carros. A garagem é um ponto vulnerável do prédio e quem estiver na guarita terá que ter visão total das suas rampas de acesso. Ainda assim é pouco. Com relação à garagem, o sistema precisa bloquear todos os que não tiverem dados cadastrados no software da portaria. Começa pelo nome e pelo RG, pela placa do carro, pelo número da vaga na garagem e por tudo mais que ajude a proteger o condomínio. Muito depende da tecnologia e da exuberância de equipamentos eletrônicos. Quase tudo depende do nível de atenção dos funcionários. E dos moradores. Esse estado de alerta é uma das coisas mais difíceis. A ioga diz que nosso estado normal é de distração e desenvolveu métodos destinados a nos manter atentos. Será que vamos precisar ampliar nossa capacidade de vigilância? Parece que sim. Nota do Editor: Hubert Gebara é vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP (Sindicato da Habitação).
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