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Opinião
10/04/2011 - 08h01
Os cúmplices involuntários do assassino Wellington
Alessandro Vianna
 

Infelizmente, temos visto com muita freqüência atitudes violentas e gratuitas promovidas por jovens. São tantas, que vamos nos esquecendo aos poucos.

Antes, a insegurança andava pelos becos escuros ou nos labirintos de favelas. Agora, desfila em plena Avenida Paulista, transita pelas escolas, atinge pobres mendigos abandonados e nunca se sabe quando virá o próximo ataque.

Até quando vamos ter que conviver com essa barbárie?

Embora tenha minhas opiniões sobre o que fazer agora, deixo isso para as autoridades; já que partem delas os tratamentos que a sociedade tem para esses sintomas anômalos – infelizmente, apenas para os sintomas.

Depois que perdemos 12 crianças no Rio, tendo ainda que tentar recuperar psicologicamente algumas centenas de outras também envolvidas pela tragédia, uma avalanche de teorias e providências já aparecem por aí: campanha contra as armas, polícia nas escolas etc.. Não estranharei se alguém propuser escolas em bunkers ou coletes à prova de balas para todos os alunos.

Além do estrago irreparável nas famílias envolvidas, o que realmente me preocupa são as causas disso – até para podermos evitar repetições - e a pergunta mais óbvia é: qual a base familiar e social de Wellington Menezes de Oliveira?

Quando ninguém se incomoda em perceber que um jovem desempregado, filho de mãe com problemas mentais que tentou o suicídio, sem pai e sem amigos, passa a ter um comportamento estranho depois que perde a madrasta; ficando horas e horas na internet e vestindo-se sempre com roupas escuras, vemos “a solidão no meio da multidão” – a lei do “cada um por si”. Agora, todos saberemos, da pior maneira possível, quem é esse Wellington.

Se ele tivesse uma deficiência física visível, todos saberiam, embora talvez ninguém fizesse nada a respeito. Mas os problemas dele são psicológicos, talvez mentais e ninguém percebeu nada; ninguém quis perceber.

Quantos desses mais existem por aí, desejosos ter receber a atenção dos parentes, vizinhos e do Estado? Talvez milhões.

Até quando eles só chamarão a nossa atenção quando fizerem algo anormal?

Wellington, de 23 anos, que premeditou tudo - até a forma como queria ser enterrado e a destinação de uma casa em Sepetiba – e pediu perdão prévio a Deus pelo ato, não é normal. E pode não ter tornado-se anormal de uma hora para outra.

Os problemas psicológicos e mentais são invisíveis, mas quase sempre perceptíveis para os atentos - e não surgem do nada. Há muita mais gente afetada por essas anomalias do que supomos; inclusive talvez até próximas de nós.

Então, partindo para uma participação útil nesse triste episódio, recomendo aos pais que dêem atenção aos seus filhos, os observem bem no dia a dia, tentem perceber mudanças de comportamento e, quando se virem confusos diante de atitudes intrigantes, procurem ajuda. Porque, como vimos nesse caso, a sociedade não se incomoda; até que seja afetada.

Como sociedade, temos que ficar atentos ao que pensam os candidatos a governantes, que, no poder, terão os recursos necessários para detectar e tratar vítimas de abandono familiar e social, a fim de que não se tornem assassinos de ocasião, estupradores ou incendiários. Especialistas preparados para isso, não nos faltam.

Se educação e segurança são deveres do Estado, a segurança daquelas crianças na escola pública é responsabilidade do Estado, que representa a sociedade, que somos nós.


Nota do Editor: Alessandro Vianna (www.alessandrovianna.com.br) é psicoterapeuta.

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