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Opinião
14/04/2011 - 07h13
A engenharia brasileira e o vôo do besouro
Jomázio Avelar
 

O besouro é uma afronta aos princípios da engenharia. Com aquela carapaça pesada e aquelas asinhas, ele nunca deveria voar, mas voa. O mesmo acontece quando a gente conhece de perto a mão-de-obra básica da construção civil brasileira e vê que mesmo com as dificuldades de formação escolar e de leitura ainda conseguimos construir catedrais, ao longo dos séculos, e as grandes obras de engenharia como pontes, monumentos, prédios e estradas.

Quando avaliamos o perfil dos que se ocupam da construção civil, ou trabalham no chão de fábrica ou na agricultura encontramos lá grande parte dos analfabetos funcionais brasileiros. Homens e mulheres que foram abandonados ao longo dos séculos à própria sorte, infelizmente.

Segundo o Indicador de Analfabetismo Funcional, Inaf, entidade criada pelo Ibope, no Brasil 75%, ou seja, 3 em 4, das pessoas entre 15 e 64 anos não conseguem ler, escrever e calcular plenamente. Esse número inclui os 68% considerados analfabetos funcionais e os 7% considerados analfabetos absolutos, sem qualquer habilidade de leitura ou escrita.

Mesmo assim muita gente se surpreende quando se constata o padrão de excelência da Engenharia brasileira. Que se compara com as melhores do mundo. Ou seja, o besouro não deveria voar, mas voa. E nós temos uma das melhores engenharias do mundo com 75% da mão-de-obra analfabeta funcional.

Explicação do vôo do besouro - O vôo do besouro nos é explicado por Cleide Costa, do Laboratório de Sistemática, Evolução e Bionomia do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo: “O mecanismo que permite o vôo dos besouros é o conjunto dos dois pares de asas que eles têm e a musculatura vigorosa. O primeiro par de asas (os élitros) desses insetos fica em posição superior e é bastante endurecido. Quando o besouro está em repouso, funciona como um estojo que protege o segundo par. Este fica no interior, é membranoso, tem a consistência do couro e é sustentado por número variável de nervuras. Durante o vôo, as asas externas têm papel secundário e funcionam como um pára-quedas.”

Explicação do vigor da nossa Engenharia - Nossos engenheiros, em todas as suas especialidades, sempre estiveram orgânica e humanamente vinculados à mão-de-obra que gerenciam. Se vinculam visceralmente com o quadro funcional e agregam capital intelectual à natural criatividade e determinação dos nossos colaboradores.

O resultado, assim como o vôo do besouro, é termos uma Engenharia de padrão mundial, apesar do analfabetismo funcional da mão-de-obra. Que torna reais os projetos de arquitetura mais ousados do mundo, basta nos lembrar de Brasília.

Porque nossos engenheiros aprenderam a construir uma aliança com a mão-de-obra disponível Brasil afora que supera, inclusive, os entraves do analfabetismo funcional. E é em torno dos engenheiros que ergueremos um novo Brasil.

Profissionais que terão como missão a superação do corporativismo. E, ao se vincularem com a Nação brasileira, com o mesmo ímpeto com que cuidam da nossa mão-de-obra, nos ajudarão a escapar das manipulações dos especuladores financeiros, que tem influenciado nossos destinos nas últimas décadas, para construirmos uma Nação mais justa e socialmente mais eficiente.


Nota do Editor: Jomázio Avelar (blogodojomazio.blogspot.com) é Engenheiro Civil formado pela Escola Politécnica/USP, em 1965. Foi Presidente do Centro Acadêmico Politécnico em 1963/1964 e 1964/1965 (dois mandatos). Presidente do CNISF - Conseil National de Ingenieurs et des Scientifiques de France, seção Brasil. Ex-membro do Conselho Deliberativo do Instituto de Engenharia. Foi Diretor da Construtora Heleno&Fonseca S.A. até 1974. Presidente da Evaldo Paes Barreto Ltda. Engenharia Consultiva e Implantação de Hospitais, desde 1975. Presidente da EngeCredSP - Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Região Metropolitana de São Paulo Ltda.

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