A pesquisa realizada pela Datafolha, registrando a aprovação da presidente Dilma Rousseff em três meses de mandato por 47% dos brasileiros, talvez não seja aplaudida pelos coadjuvantes de seu antecessor. A vaidade excessiva deixa à mostra o pouco conhecimento de quem se aproveita dela, concorrendo para a perda do senso autocrítico. Em conseqüência, o vaidoso acaba se convertendo em joguete dos aduladores. O ex-presidente Lula, no início de seu mandato, obteve uma aprovação de 43%, vindo mais tarde a suplantar este número, atingindo, em março de 2007, a significativa performance de 48%. Segundo a Datafolha, que se dedica a pesquisas desde 1990, Dilma superou em popularidade todos os antecessores de Lula. Não faltará quem afirme que o êxito até agora obtido por Dilma deve-se ao apoio que ela recebeu de Lula tanto no lançamento de seu nome, como no curso da campanha eleitoral. Sucede que Dilma, sempre considerada uma mulher enérgica e voluntariosa, tem dado demonstrações de transigência até mesmo com os seus opositores. O mesmo não ocorreu com Lula, que passou os seus dois mandatos dizendo-se atingido pela ‘herança maldita’ que Fernando Henrique lhe deixou. Foram raras as vezes em que, discursando para as classes menos favorecidas, não atribuísse ao seu predecessor a causa principal de tudo que houvesse de ruim em nosso país. Segundo o seu amigo Frei Beto, “o poder não muda as pessoas, mas faz com que manifestem a sua verdadeira face”. Daí poder-se afirmar que a virtude do exercício do poder está em não se deixar embriagar por ele. Embora seja pressuroso emitir um juízo abalizado sobre o governo federal, que teve início em janeiro, o fato de estar sendo exercido por uma mulher merece algumas reflexões. A atual presidente tem enfatizado o seu interesse em priorizar a educação. O mesmo não aconteceu de parte de Lula, que, ao referir-se à sua primitiva condição de operário, dava sempre a entender que qualquer outro poderia chegar a Presidência da República, mesmo sem graduar-se num curso superior. A visita do presidente Barack Obama ao Brasil não deixou de ser uma vitória da diplomacia atual, ao contrário do que ocorria no passado, com as manifestações de apreço a Ahmadinejad, Chaves, Castro e até Kadafi, o que não deverá continuar a ocorrer no novo Itamaraty, como tudo faz crer. A importância que Dilma devota à instrução tem refletido principalmente no Nordeste, onde a sua taxa de aprovação é expressiva, sem que seja obrigada a recorrer, sistematicamente, ao combate a fome, fazendo dessa carência a razão de ser de sua administração. O índice que Dilma confere à saúde (31), em comparação ao que Lula lhe atribuía (6) é um motivo a mais para se compreender o bom resultado até agora conseguido e que tende a melhorar. Para isto, não é necessário o louvor permanente à sua imagem e nem o desprezo aos governos que a antecederam, conforme acontecia na gestão que a precedeu. Nota do Editor: Aristoteles Atheniense (aristoteles@atheniense.com.br) é advogado e conselheiro nato da OAB.
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