O velho ditado “prevenir é o melhor remédio”, em geral, não tem muitos fãs entre os homens. Levantamento realizado pelo Centro de Referência em Saúde do Homem, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, apontou que 60% dos 2,8 mil pacientes que são atendidos por mês na unidade apresentam algum tipo de patologia e não têm conhecimento da doença. Destes, 250 acabam passando por cirurgia, que poderia em muitos casos ser evitada se a doença fosse detectada antes. A situação se repete em muitas outras localidades. À frente do Centro Médico Masculino, clínica especializada na saúde sexual masculina, em Campinas/SP, o médico Dr. Érico de Rolvare está acostumado à resistência dos homens. “Muitas vezes, mesmo sabendo da existência de um problema, o homem demora a combater as causas”, comenta o médico. Para ele, diversos fatores afastam os homens dos consultórios. “Vergonha de expor suas dificuldades, medo do tratamento, medo de mudar o estilo de vida são apenas alguns exemplos mais comuns”, aponta o médico. Se até para problemas recorrentes, como diabetes e hipertensão, há demora na busca por acompanhamento médico, problemas de ordem sexual são ainda mais complicados. “Sexo ainda é tabu, então para muitos homens é difícil admitir a existência do problema para o médico ou até mesmo para a parceira. Muitas vezes, o homem recorre a soluções imediatas, paliativas, que podem ajudar na hora, mas não combatem as causas de uma disfunção ou ejaculação precoce, por exemplo”, explica Érico de Rolvare. Segundo ele, o uso de estimulantes, preservativos ou gel com anestésicos para retardar a ejaculação, são alguns dos caminhos usados para se tentar driblar o problema. “Gel e o preservativo, se não provocarem alergia na pele, são inofensivos. Podem ser úteis no momento da relação, mas efetivamente não combatem o problema. A questão dos estimulantes é mais séria, pois eles são medicamentos e por isso precisam de indicação médica. O uso indiscriminado pode trazer problemas”. Érico de Rolvare faz coro à necessidade de prevenção. “Quanto antes se começa a tratar os sintomas, buscando combater as suas causas, maior a chance de sucesso. Esperar para procurar ajuda só trará mais dificuldades, independente do problema”. A recomendação é mais firme para quem tem casos de problema na família. “Por serem muito fechados, nem sempre os homens comentam sobre sua saúde com os familiares, mas, por exemplo, se você sabe que na família há histórico de problemas de próstata, pode começar as consultas preventivas a partir dos 30 anos, sem medo ou preconceito”, finaliza o responsável pelo Centro Médico Masculino, de Campinas.
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