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SEÇÃO
Crônicas
24/04/2011 - 17h00
Maria de Nazaré da Galileia
Maria Vitoria Ramos
 

Imagino... Em um bairro qualquer da periferia, bem lá nas pontas, onde as ruas se acabam e as casas perdem a estética para dar lugar à função única do abrigo e as crianças se juntam na rua de terra para brincar com bola de meia ou amarelinha marcada com riscos no chão, quando não conseguem vislumbrar esperanças de futuro, e a graça, é a vivência do dia. Numa manhã como todas as outras, ao trancar com a corrente o portãozinho de madeira da saída da casa para o trabalho, Maria encontra-se inesperadamente com o líder comunitário, que lhe anuncia a possibilidade de ela vir a ser indicada para representar o bairro na próxima eleição da Associação de Moradores. De imediato responde que apesar do trabalho de 7 às 5, da Faculdade e dos outros afazeres; se coloca a disposição em nome da dignidade do seu povo e das necessidades das famílias que conhece tão bem, e, tão rápido quanto a reposta do aceite, pede que a comunidade se reúna a noite para uma conversa, já que considerava de grande responsabilidade o seu sim.

Imagino... O dia de Maria, na Fábrica de Costura, com os minutos contados para o almoço, a higiene, o lanche da tarde, a ligação para a amiga justificando a falta na aula naquela noite, por causa da reunião comunitária.

Imagino... As pessoas chegando e trocando prosa na porta do barracão, só Maria que não chega... Demora. Atravessa a rua de terra com pressa e se desculpa. O ônibus que teve que tomar para chegar a tempo se atrasou. As conversas continuam e o líder, por nome Gabriel, coloca a proposta de Maria poder participar como candidata a presidente do bairro, com o propósito de ajudar aquelas famílias nos seus sonhos de liberdade, dignidade e vida. As crianças batem palmas. Algumas pessoas reforçam a fala de Gabriel. Outros cochicham.

Imagino... A fala de Maria... “Eu sou agradecida a Deus pela oportunidade que estou tendo. Agradeço também por que todos aqui confiaram em mim, para representar os moradores, mesmo sabendo que não sou rica. Eu acredito na força e misericórdia de Deus que vai me ajudar a conduzir tudo o que for preciso, e os que vierem depois, podem continuar o que eu fizer, se for bom, pois disso, ninguém esquece. Deus é quem me dará força, pois ele sabe quem é justo, e fortalece os pobres como nós, e um dia, mais cedo ou mais tarde, derruba os poderosos dos seus tronos. E o que for justo, vai permanecer. Então eu peço a Deus forças para encher os pratos das crianças que passam fome no nosso bairro, e que os ricos saibam repartir... Muito obrigada a todos, e todas!”

Posso estar equivocada... Mas acredito, lá no fundo do meu coração, que Maria de Nazaré, a jovem mãe de Jesus, o Salvador... Era assim! Como muitas Marias que conheço. E que embora não tenham sido visitadas por nenhum anjo, nem sido mães em semelhantes condições, causam profundas mudanças e professam o “Magnificat” todos os dias...

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