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SEÇÃO
Crônicas
03/05/2011 - 10h03
Reinaldão (O cafajeste)
Antonio Brás Constante
 

Proibido para menores de 18 milhões de anos

Nota do autor: Antes de enveredar pelos caminhos das crônicas, comecei minha jornada de escritor fazendo contos e criando personagens como as Tias beatas de Tucuruí, O seu Artêmio (eterno concorrente a Deus) entre outros. Um deles em especial foi o Reinaldão, inspirado em personagens de outros autores como o Bibelô do cartunista Angeli e o hilário MIG (como o jato Russo) do colega de Banco Miguel da Costa Franco. Como diz o título, Reinaldão é proibido para menores de 18 milhões de anos, por isso se você tiver estômago fraco, ou se não curtir personagens com estilo escroto, pare agora mesmo de ler o texto. Aos que forem continuar, tenham uma boa leitura, e se não gostarem... Bem... Também amo vocês.


Reinaldão (O cafajeste)

Sapato de bico fino, camisa listrada e aberta, deixando a mostra seu peito cabeludo, corrente no pescoço com um medalhão prateado pendurado nela, óculos escuros estilo pára-brisa de Opala, gel no cabelo, calça jeans apertada, salientando as “jóias da coroa”, dente de ouro no sorriso safado, olhos que comiam qualquer mulher, penetrantes, às vezes remelentos, palito de dentes na boca, cara de cafajeste, jeito de cafajeste, fala de cafajeste e carteirinha do clube dos cafajestes. Assim era Reinaldão.

- Sou melhor que o Ricardão. Sou o Rei, o Rei “Naldão”. (Ao menos ele achava isto).

Chegou em uma agência de empregos. “Nem só de batom da boca de piranhas vive o homem”, pensava. Precisava também de dinheiro para comer. Resolveu trabalhar. De cara botou os olhos na atendente, dona Clotilde, uma senhora de uns 60 anos, feia como o diabo, mas como dizia Reinaldão, “bem servida nas partes”.

- Em que posso lhe ajudar?

- Tu lê pensamentos é? - ele morde os lábios quase babando - nossa, quanta ajuda você pode me DAR...

- Está procurando emprego? O que sabe fazer?

- Sexo. Posso começar agora. Quer uma demonstração, ou serviço completo?

- Como disse?

- Como tudo, o disse, o não disse e o que tu vai ainda dizer.

- Isto é alguma gozação?

- Calma apressada, a gozação é no final, mas tem que ser boazinha.

- O senhor é louco?

- Sou... Por sexo... Afim?

- Olha aqui, não sou destas, quer que eu chame os seguranças?

- Sei, tu é daquelas, nem bem te cantei e já quer chamar mais macho. Gostei, topo o ménage, o swing, o que tu quiser.

Reinaldão se emociona e arrota, exalando um hálito de hortelã, cerveja e torresminho.

- Porco!

- Olha, com porco eu nunca fiz, mas se estiver afim, encaro na boa.

- O senhor é um depravado! Um mentecapto! Um celerado!

- E tu é gostosa, véia, feia, e pelancuda. Porém, ainda dá um caldo. Se eu não fosse carente te esnobava.

A atendente chama três seguranças, que arrastam Reinaldão para uma salinha, ouve-se gritos de dor, gemidos, sons de briga, mobília sendo arrastada, objetos caindo. Tudo isto dura uns quinze minutos e então o silêncio.

A porta se abre, aparece Reinaldão pelado, com o instrumento em posição de sentido, apontando para dona Clotilde. Os três seguranças encontram-se caídos de bruços sobre os móveis, com as calças arriadas até as canelas.

Reinaldão pisca o olho, chama com o dedinho e faz um beicinho feio.

Dona Clotilde desmaia.


Nota do Editor: Antonio Brás Constante (abrasc@terra.com.br) é escritor.

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