Antes de iniciarmos a reflexão sobre este tema, pensemos um pouco sobre a escola que um dia frequentamos, no que ela representou e nas marcas que em nós imprimiu. Na escola vivemos parte de nossos dias, na escola convivemos e aprendemos. Certamente, podemos recordar situações e conhecimentos significativos que ainda hoje se fazem presentes em nossas vidas pessoais, sociais e profissionais. A escola atual continua com essa missão, porém tem como pano de fundo um mundo tecnologicamente muito mais desenvolvido, uma sociedade globalizada, complexas exigências feitas pelo mercado de trabalho e inovações que requerem atualizações constantes. A escola atual possui crianças e jovens conectados com o mundo e abertos ao desenvolvimento de competências que os possibilitem ampliar seus campos de relacionamentos e satisfações de seus desejos pessoais. Diante desta constatação e da visão da escola como a instituição que tem como um de seus papéis socializar o saber cientificamente elaborado e sistematizado, cabe a ela criar condições para a efetivação do ato de ensinar e de aprender, revendo instrumentos, mecanismos, dinâmicas, e por que não, os próprios conteúdos, a fim de promover motivações para aprendizagens significativas e assim, atingir seus objetivos. A escola que propomos hoje, é aquela que cumpre sua tarefa pelas vivências e convivências, num processo dinâmico e crítico, onde a apropriação de conceitos e de teorias é feita a partir de uma ampla visão de mundo e de uma orientação pedagógica não reprodutivista. Falamos aqui de uma escola com postura crítica, construtiva, transformadora, que tem como compromisso social e educacional, a formação de indivíduos que podem, pelo domínio do saber, se tornar questionadores e participativos em nossa sociedade. Falamos de uma escola onde os próprios educandos constroem seus conhecimentos na medida em que amadurecem e se desenvolvem. Se antes eles eram apenas receptores de informações, muitas vezes fora de sua realidade, hoje eles são considerados os sujeitos de seus próprios processos de aprendizagens. Tendo os educandos como centro do processo, exercendo influências e sendo influenciados pelo meio, cabe à escola dar conta de programar situações de aprendizagens através das quais eles aprendam a pensar para interpretar o mundo em que vivem. Isto se cumpre quando não são oferecidas situações óbvias, respostas prontas ou conceitos preestabelecidos, mas quando a mediação dos docentes problematiza, desafia a pensar, a refletir, a criar hipóteses e conclusões próprias. Esse encaminhamento propõe o abandono de práticas fragmentadas e fundamenta suas ações na construção a partir de vivências e ações concretas, valorizando e respeitando o contexto em que a comunidade escolar está inserida. A função da escola definida antes como socialização do saber sistematizado, aqui vai mais longe. Vê este saber não como recebimento de informações, mas como capacidade de interpretar, gerenciar e operar as informações. Nesse processo, mediado pelo educador, abra-se a possibilidade do educando desenvolver suas potencialidades com criatividade, ser agente transformador, participativo, responsável pela sua própria formação e pelo desenvolvimento do meio em que vive. Para concluir, é oportuno ressaltar novamente que, escolas que valorizam os seus educandos como seres pensantes e inquietos diante do mundo, seres capazes de aprender a aprender com desejo e autonomia, estão realmente cumprindo seu papel na busca pela construção de um mundo cada vez melhor. Nota do Editor: Doroteia L. Bartz é pedagoga, coordenadora pedagógica no Colégio Humboldt.
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