Triturar bem os alimentos é o pontapé inicial para comer menos, ter uma digestão melhor e reduzir o peso
A preocupação com a boa forma ultrapassou as questões estéticas e está cada vez mais ligada à saúde das pessoas. Segundo uma pesquisa divulgada este mês pelo Ministério da Saúde o índice de brasileiros obesos deu um salto de 11,4% em 2006 para 15% este ano, enquanto o percentual de sobrepeso já ultrapassa os 50%. “A maior dificuldade da população é adquirir hábitos saudáveis e mantê-los pelo resto da vida. Muitos desistem no meio do caminho e acabam vencidos pelo sedentarismo e pela gula gerada pela ansiedade” ressalta Gerson Köhler, especialista em ortodontia e ortopedia facial da Köhler Ortofacial (www.kohlerortofacial.com.br). Um fator desmotivador é a restrição alimentar. Não comer doces, deixar de comer frituras, evitar o consumo de produtos industrializados, cortar vários alimentos da dieta. Esta é a realidade de muitas pessoas que precisam perder peso e recorrem aos mais variados tipos de dietas, geralmente muito restritivas, para emagrecer. “O emagrecimento depende muito mais de mudanças de hábitos e comportamentos do que somente a restrição de determinados alimentos. É preciso uma reeducação em vários sentidos, começando pela forma de mastigar”, aponta. Um bom começo para vencer a balança é dar atenção a um hábito essencial para a alimentação: a mastigação. A digestão tem início na boca, assim que o alimento entra em contato com a saliva, a língua e os dentes. “Quando a boca começa a mastigar o alimento, a saliva avisa o intestino, o fígado e o pâncreas que está na hora de produzir as enzimas digestivas, que irão transformar o alimento em combustível para o organismo”, explica o ortodontista e ortopedista facial Juarez Köhler, também especialista da Köhler Ortofacial. A saliva também acelera os movimentos do estômago e do esôfago para que eles possam triturar a comida, facilitando a absorção dos nutrientes pelo intestino e a alimentação das células pelo sangue. “Os carboidratos, por exemplo, dependem da salivação - que contém enzimas - para serem bem digeridos e por isso devem ser muito mastigados. As verduras, frutas e legumes também precisam ser bem triturados para que as vitaminas e minerais sejam absorvidos. Ou seja, a mastigação é essencial para a saúde do organismo”, esclarece Juarez. Se os alimentos não forem mastigados corretamente, o corpo não se sente saciado e mais comida é consumida, sem contar o excesso de líquido que é preciso para empurrar o bolo alimentar que não está bem triturado. “O cérebro só recebe a informação de saciedade cerca de 20 minutos após o início da refeição. Se o indivíduo comer rápido demais acabará consumindo mais comida do que o necessário, acumulando a energia excessiva em forma de gordura. Ao invés de se sentir saciado, quem come rápido irá se sentir cheio, gerando a chamada falsa saciedade”, observa Gerson. Sentir o gosto dos alimentos também é outro fator importante para a saciedade, já que as papilas gustativas localizadas na língua também avisam o cérebro de que o organismo está sendo alimentado. “Comer tem que ser prazeroso e não é preciso grandes quantidades de alimento para isto. Quem tem dificuldade de mastigar devagar e deixar os alimentos bem triturados pode se beneficiar com o uso do ‘dispositivo bariátrico intrabucal’ (DBI), aparelho criado - a partir de pesquisa americana rigorosamente controlada pela FDA - Food and Drug Administration) - com a finalidade de auxiliar com efetividade a redução da ingestão de quantidade de comida e - adicionalmente - aumentar a quantidade e qualidade das mastigações”, destaca Juarez. Os dois especialistas afirmam que ao contribuir para uma mastigação correta e uma digestão mais eficiente, o dispositivo também implica na progressiva perda de peso. “Ele é semelhante a um aparelho móvel de tratamento ortodôntico e deve ser usado durante as refeições. A vantagem é que ele não é visível e pode ser usado em qualquer ocasião sem causar constrangimentos ao paciente. Pesquisas científicas publicadas na renomada Obesity Research (USA) apontam que seu uso reduz em pelo menos 20% a quantidade de alimentos ingeridos, o que pode representar algo entre 500 a 600 calorias a menos por refeição”, acrescentam. O objetivo é ajudar os pacientes a emagrecer ensinando-os a comer de forma correta. Gerson alerta que o aparelho não é indicado para todos os casos, seu uso faz parte de um tratamento feito em parceria com outros especialistas médicos e os efeitos aparecem somente após um tempo determinado. “A pessoa aprende um novo hábito de mastigação, mas é preciso força de vontade, não basta colocar o aparelho na boca e achar que só por isso vai perder peso. Para emagrecer é preciso se esforçar ”, finaliza.
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