Uma pessoa com duas armas planejou, invadiu e assassinou várias crianças de uma escola do Rio de Janeiro, colocando pânico e medo em todos os alunos e demais pessoas que estavam naquele prédio. Essa tragédia coloca em pauta a necessidade urgente de autoridades públicas e a comunidade como um todo pensarem e agirem de maneira mais efetiva e pontual sobre um assunto. Ação que já vem sendo percebido e sentido há muito tempo nas escolas brasileiras, independente de sua localização geográfica e posição social: a “violência física e psicológica nas escolas”, onde todas as pessoas acabam sendo afetadas, direta ou indiretamente. São professores que já sofrem com o processo de despersonalização de sua profissão, que já não conseguem ser respeitados e valorizados dentro e fora da sala de aula. Mestres que são desprestigiados e intimidados pelos alunos e seus pais, e ainda não encontram sustentação emocional e acolhedora nem mesmo nas atitudes de seus dirigentes diretos e indiretos. O leva-os até mesmo a ficarem doentes, como é o caso da Síndrome de Burnout, que também é caracterizada pelo esgotamento físico, psíquico e emocional dessa categoria de profissionais. Já os (ex)alunos, com suas famílias muitas vezes desestruturadas e sem maiores referências e valores sociais, chegam nas escolas se sentindo imunes e capazes de promover ações que possam dar-lhes uma certa sensação de poder e controle, de imporem-se até mesmo pela força e pelos atos que buscam diminuir e oprimir os outros. Esta é uma forma de também compensar, consciente ou não, as suas tragédias e dramas pessoais e familiares. Toda essa realidade pode provocar uma sensação de impotência, de apatia, de banalização e descaso onde todos acabam perdendo, pois a angústia, a dor e o sofrimento, mesmo sendo vivenciados isoladamente, refletem em atitudes cada vez mais próximas de um radicalismo com alto grau destrutivo, como o da tragédia na cidade maravilhosa. Nota do Editor: Marcos D´iorio de Paula é psicanalista e diretor da Lumiar Projetos e do Sinpesp.
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