O ano eleitoral de 2010 marcou o início efetivo do uso da internet no processo democrático nacional. A internet e as redes sociais online estiveram presentes na vida dos brasileiros de modo mais evidente, com os eleitores trocando informações, entre si e com os candidatos. Agora, com um planejamento correto, os governos da presidenta Dilma Rousseff e do governador Geraldo Alckmin, ambos com novos mandatos à frente, podem utilizar a internet para elevar e difundir conceitos de democracia. Chegou a hora de os governantes assumirem uma nova postura no relacionamento com o cidadão. É o momento de explorarem o conceito de “Estado Digital” ou “Governo 2.0”. Tanto Dilma quanto Alckmin precisam focar ações de internet em dois públicos: mulheres e jovens (de ambos os sexos). Com estes dois em destaque, todos os cidadãos têm a ganhar. E assim, também os governantes. É no público feminino que a presidenta, a 1ª do Brasil, tem maior potencial de impacto. Ela já é a mulher com maior relevância na história política brasileira, competindo apenas, talvez, com a princesa Isabel. As mulheres já são 47% dos usuários ativos da web, navegando, em média, 39 horas por semana. Uma camada delas é a da mãe acima de 30 anos que trabalha e não tem muito tempo, mas que utiliza a internet de modo extremamente eficiente, debatendo sobre produtos, serviços, filhos e, claro, política. A questão é como Dilma pode tornar-se incisiva para estas mulheres. Consolidar o diálogo com elas pode ser o 1º passo para conceber na internet as bases da nova gestão governamental. Pela intimidade com as novas tecnologias, o outro público que pode ser alcançado com o desenvolvimento de políticas e processos de gestão via internet é o juvenil – para Alckmin e Dilma, sem distinção. Hoje esta fatia populacional tem questões políticas claras a serem respondidas e deseja participar de debates. Primeiro emprego, educação de qualidade, vestibular e gravidez indesejada são alguns dos assuntos mais relevantes para os jovens. O conceito de Governo 2.0 é algo factível e já vem sendo aplicado de forma bem-sucedida no mundo. Um bom exemplo, que apresentou resultados concretos, foi o e-People (portal online de petições e discussões), criado na Coréia do Sul. Nele, o cidadão preenche um formulário anexando sua proposta ou petição, que é então enviada à agência competente e pode ter sua resposta checada pelo cidadão no próprio site. Quem acessa o website pode ainda propor agendas, participar de fóruns, responder pesquisas e dar sugestões. O retorno deste trabalho surgiu em maior eficiência para identificar e resolver problemas, diminuição no tempo de resolução de petições e aumento na satisfação pública. No Canadá, as agências governamentais têm uma intranet bem planejada, com versão mobile do site do governo, que ainda utiliza ferramentas como Fickr, RSS, Youtube, Facebook, Twitter e Wikipedia para informar os cidadãos. Já a Austrália deu passo importante ao publicar, no ano passado, uma declaração de Governo Aberto, firmando compromisso de apoiar e desenvolver o uso inovador de tecnologias oriundas da internet. Todas as questões do tema envolvem políticas públicas claras e poderiam ser mais bem exploradas pelos governantes. Como despertar o interesse desses cidadãos? A chave é “escutar” o que a população deseja e identificar os formadores de opinião e entusiastas em cada ambiente, gerando conteúdo sempre fresco, estimulando, engajando e viabilizando a disseminação de informações. Ou seja, localizar, compreender e depois atuar, distribuindo mensagens inteligentes, pertinentes, que façam sentido naquele contexto. Para tanto, é crucial que aconteça uma mudança cultural e institucional dentro dos governos. Nota do Editor: Gabriel Rossi é estrategista de marketing digital e diretor da Gabriel Rossi Consultoria.
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