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20/05/2011 - 12h04
Educação: a obediência é um valor?
Solange Cristina Prado de Barros
 

Pensando sobre a trajetória humana, verificamos que os valores fundamentais, mesmo conhecidos, mesmo incansavelmente estudados ficaram longe da sua implementação. O que nos inquieta é o fato de que nossas crianças e adolescentes estão apresentando um comportamento que nos desorienta, aliado ao nosso próprio comportamento pós moderno que é massificado, hedonista, individualista. Isto se deve ao fato de que traímos os mais belos ideais que nós mesmos construímos. Nunca fomos livres, iguais, solidários, fraternos.

A obediência pode ser quase sinônimo de adestramento se quisermos escolas freqüentadas por crianças dóceis, estudiosas, disciplinadas, onde consigam ficar quietinhas por horas, sem conversas paralelas e que brinquem educadamente com os colegas sem discutir nem brigar, dispostas em fileiras para aprenderem o que os educadores têm para ensinar. Sabemos que não é assim, alunos, filhos são questionadores, são cheios de energia e de vida, aliás o ritmo, o "movimento" da vida atual está presente neles, nos seus ideais e comportamento.

A obediência é um valor em famílias que pretendem filhos nos quais a hierarquia esteja presente, onde quem “manda pode e obedece quem precisa”.

A obediência é um valor em instituições que não permitem a criatividade.

A obediência é um valor quando reproduzimos preconceitos e não reconhecemos o ímpeto para o novo, o inusitado. Porém há meninos e meninas, homens e mulheres que conseguem se conduzir com altivez, com liberdade. São filhos, alunos, pessoas que podem outorgar autoridade a quem tem direito a ela, que conseguem enxergar que o certo, o bom, o adequado estão contidos na figura da autoridade dos pais, dos educadores, de seus superiores. Eles não devem obediência à autoridade, eles reconhecem e honram a autoridade.

Os pais, educadores, chefias e superiores investidos de autoridade que vem diretamente do prestígio que têm juntos aos seus, não precisam lançar mão de longos discursos sobre ética, os que pretendem pessoas justas e gentis, não precisam ensinar-lhes as artes da justiça e da gentileza, basta tratar as pessoas com respeito.

As crianças, adolescentes, jovens estão sempre observando, as pessoas de valores nobres têm comportamento compatíveis com eles, podem, portanto esperar que eles se conduzam livremente dentro do que Aristóteles chamou de virtude. A isto podemos chamar excelência em educação.

A autoridade não esmaga, não massifica, não despersonaliza. Ela reconhece e resguarda a diversidade, respeita as discussões, as transgressões. Os avanços da humanidade foram protagonizados pelos transgressores, o movimento abolicionista não partiu dos escravos esmagados sob o autoritarismo extremo, surgiu por parte dos petulantes, dos corajosos, dos sensíveis aos direitos humanos. Sócrates fazia da pergunta o instrumento pedagógico através do diálogo, conduzindo seu interlocutor ao auto conhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Sócrates considerava mais importante debater sobre as coisas humanas, sobre os valores imutáveis, pois as coisas científicas são mutáveis, valorizando as virtudes individuais,como a coragem, a temperança, cooperação e a amizade.

Valores tornam-se realidade se partirem de dentro, se fizerem sentido, não é possível ensinar ética, é necessário que se viva eticamente para que ela seja um valor, e isto se aplica a tudo: respeito, amor, solidariedade, compromisso, responsabilidade e inclusive obediência à verdadeira autoridade investida de todos estes valores.

Somos fazedores da história, através das famílias, do sistema e da sociedade que instauramos ao longo do tempo, e nossos pequenos mais do que nunca estão de olhos, sentidos, ouvidos abertos a aprender: que Ser Humano é este?

Solange Cristina Prado de Barros
Educadora da Rede Municipal de Ensino de Ubatuba
solbarros.15@hotmail.com

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