O governo de São Paulo acaba de anunciar aumento de 42,2% aos professores, escalonado em quatro anos, e acena com melhorias para servidores da Saúde e policiais. Mesmo com a implantação quatrienal, a medida é um avanço e deve servir de medida para os trabalhadores de outras áreas do governo, bem como para as demais unidades da federação que tenham defasado o rendimento do seu funcionalismo. Espera-se que os governantes atuem com sinceridade e apliquem aos salários o máximo que os cofres públicos permitirem, sem abonos e outros desvios que prejudicam o empregado. Todos os trabalhadores esperam, um dia, se aposentar, e os abonos não contam para a aposentadoria... Apesar de ser o estado mais rico da federação, São Paulo paga salários sofríveis aos seus funcionários e particularmente aos policiais. Essa realidade, resultante de anos de achatamento e artifícios temporários e só concedidos a parte dos ativos, joga o policial para o “bico”, que é proibido por lei, mas tolerado diante do ganho ruim. Quem faz bico se defende economicamente, mas corre muitos riscos (até da própria vida), e quem não faz vive na miséria, com dificuldades para pagar as contas, tratar da família e atender suas necessidades. Há casos em que o policial tem de morar em áreas onde nem pode declarar sua identidade profissional, sob o risco de sofrer represálias dos bandidos e ter a família perseguida. Isso tem de acabar! Todos somos conscientes de que o assalariado não enriquece. Mas não podemos abrir mão de poder sustentar regularmente a família com aquilo que recebemos como resultado do nosso trabalho. Os governos, ao longo do tempo, tem deixado de cumprir com suas obrigações de corrigir os salários pelo menos de acordo com o nível da inflação. Mas isso não é o suficiente: tem de verificar as condições de mercado e a evolução da própria sociedade para que o seu empregado possa continuar tendo vida normal e segura e prestando bons serviços à população. A iniciativa do governador Geraldo Alckmin é muito bem-vinda ao funcionalismo. Espera-se que tenha condições de solucionar os impasses e, pelo menos, deixar encaminhada a resolução dos problemas que não for capaz de liquidar de imediato. As polícias, saúde e a própria educação paulistas têm evoluído nos últimos tempos, apesar da grande defasagem salarial de seus integrantes. Espera-se que, a partir da iniciativa adotada na Educação, o governo atenda a todos os setores igualmente defasados. O servidor público não tem patrão. Seu patrão é o povo, que elege os governantes e também é seu patrão. Espera-se que a valorosa classe dos trabalhadores estaduais, de todos os órgãos e secretarias recebam a justa valorização e tenha condições de trabalhar satisfeita e de acordo com as necessidades da população. Isso também faz parte da tão almejada paz social... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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