Tenho muito para escrever sobre o assunto, mas me sinto cansado. São juros altos; planos econômicos que restringem o consumo (pelo menos era o corrente até os anos 2000); burocracia que quando não prorroga a abertura da firma, a torna refém de uma legislação, que se cumprida à regra, inviabiliza o empreendimento, entre outras tantas coisas, tais como a corrupção; a insegurança pública que afeta diretamente o patrimônio do empreendedor e, PRINCIPALMENTE, a concorrência da informalidade, esta, que ampara o contrabando e as mercadorias roubadas, diante de todas as leis que exigem de quem possui CNPJ constrangimentos enquanto fazem vistas grossas ao informal. É cansativo. O crédito é uma tarefa hercúlia. Começamos com capital próprio, pouco é claro, pois não mensuramos no primeiro momento que os custos extrapolam as planilhas. Somos microempresários, uns que vivenciam um sonho de aposentadoria: deixar de ser empregado, juntar o FGTS e outros recursos e abrir uma empresa, indústria ou varejo. Outros, de alguma forma, vocacionados ao empreendedorismo, motivados como eu pelo esporte, em particular o surfe, começam de forma caseira a montar uma confecção, no meu caso e em outros exemplos, oficinas mecânicas; empresas de reformas, enfim, uma infinidade de ramos de atividades possíveis à realização da vocação. No primeiro momento, o esforço e a criatividade encontra espaço no mercado, então tudo o que se produz de recursos (lucros) é reinvestido. Aplica-se no crescimento, em maquinários; qualificação da mão-de-obra, expansão do mercado a ser atendido e, é lógico, para conquistar mais mercado ante a concorrência, o auto financiamento dos seus clientes, tentando ampliar as vendas estimulando que eles comprem mais a sua mercadoria, com prazos diferenciados; descontos e brindes. Nessa trajetória, e eu estou falando dos anos 80; 90; 2000 e após, sofremos com os "soluços" da economia brasileira e a cada momento de ruptura (planos econômicos) temos que nos adaptar ao novo patamar, que raramente se estabelece em padrões mais elevados, e sim, com a supressão da demanda. Muito bem, vamos ficando pelo caminho e quando não sucumbimos, é por ter vendido algum patrimônio familiar (quando se tem), diminuímos o nosso poder de persuadir o setor bancário na obtenção de empréstimos, ainda que seja melhor não ter um empréstimo do que perceber que erramos em empenhar grande parte da lucratividade no pagamento dos juros. Tarde demais, foi-se o patrimônio e com isto compromete-se a estabilidade familiar. Em sequência vem a separação, famílias se dissolvem endividadas e finalmente, amargam em média cinco anos se arrastando para recompor um espaço de trabalho. Mas acreditamos! A cada momento de renovação, acreditamos! Plano Cruzado; Plano Cruzado II; Plano Verão; Collor: Plano Real - em particular, no início de uma perversidade extrema, com juros SELIC chegando a 42% ao ano, juntamente com uma aparente estabilidade que contaminou os aluguéis, forçando uma alta nos serviços que elevaram as despesas fixas das empresas a patamares restritivos, contaminando o pensamento empresarial com a redução do quadro de funcionários (desempregando) e cortando gastos como a atualização de maquinários, sucateando o pouco que já se tinha - e desaguamos no momento atual, onde o País cresce, mas, muito aquém do potencial que poderíamos galgar respeitássemos o espírito empreendedor diminuindo os riscos e estimulando as investidas das microempresas. O País cresce, mas ainda para poucos diante de tantos quantos são os necessitados. O País cresce, mas em ritmo lento ante tanta falta de infra-estrutura. Novamente penalizamos os que acreditam. Como citei, estou cansado, poderia escrever muito mais, mas termino com a minha aversão aos juros; SÓ EM UMA ECONOMIA AINDA TRATADA COMO COLÔNIA, aceitamos um empréstimo de DEZ MIL REAIS a juros de 4% ao mês (quando se consegue), dando em garantia um patrimônio no valor de CEM MIL REAIS e tendo de agradecer ao gerente do banco pela "AJUDA". Pior quando não se consegue pagar o empréstimo... juros sobre juros e o grande risco de se perder o patrimônio. Em qualquer País civilizado e capitalista, os recursos necessários estão à disposição do empreendedor a juros de 6% ao ano. Por lá é estímulo, por cá e castigo! Wagner Aparecido Nogueira wagner_nog@yahoo.com.br Ubatuba, SP
|