Seis anos depois do surgimento do escândalo do mensalão – nome dado à propina que o governo pagou aos parlamentares que votaram em seus projetos – o tema chega à fase final no Supremo Tribunal Federal. Trinta e oito réus, a maioria deles parlamentares, têm 60 dias para apresentar as alegações finais e depois seus destinos serão decididos pelos ministros da mais alta corte do país. Até agora só foram punidos Jose Dirceu – que perdeu o posto de chefe da Casa Civil e depois teve o seu mandato de deputado cassado e os direitos políticos suspensos até 2015 - e Silvio Pereira, secretário-geral do PT, ambos como operadores do sistema e distribuidores das benesses. Os beneficiários, que venderam seus mandatos, continuam cobertos pelo manto do corporativismo e da impunidade, alguns guindados a funções da mais alta relevância. Já se vai muito tempo desde o surgimento do termo mensalão, divulgado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, um dos 38 réus do processo que agora chega à fase final. Da forma que chegou ao conhecimento da população, é um dos episódios mais asquerosos da vida nacional. Parlamentares que, na busca dos votos do povo assumiram o compromisso de cuidar dos interesses da coletividade, venderam seus votos para o governo, como verdadeiras prostitutas que vão ao leito com o primeiro que chega ao bordel barato tendo às mãos algumas notas de dinheiro, muitas vezes sujo. Com uma diferença em favor das prostitutas: elas vendem o que é seu. Esses senhores e senhoras têm agora a última oportunidade de apresentar uma boa justificativa para seus atos até o momento tidos como desleais para com o eleitor e imorais perante a sociedade. Dificilmente conseguirão convencer aos senhores ministros de que, recebendo dinheiro ou benesses para direcionar seus votos conforme o interesses do pagador, estavam dando cumprimento às suas obrigações para com o eleitor e o povo brasileiro. Mas todos têm o direito de se defender, ainda que o ato praticado seja indefensável. O regime político democrático estabelece o dever dos agentes públicos desenvolverem suas atividades em nome da comunidade e conforme seus interesses. Os ocupantes de postos executivos – presidente, governadores e prefeitos – têm a tarefa de governar e o parlamento – senadores, deputados e vereadores – são encarregados da fiscalização dos atos do Executivo. Todos exercem seus mandatos em nome do eleitorado que os sufragou nas urnas. Será muito difícil convencer que o povo, ao votar, deu delegação para o Executivo “comprar” parlamentares e para os parlamentares “venderem” seus votos. Aguardemos, pois a decisão do STF. Com a certeza de que, não demora muito tempo, também teremos a conclusão do processo relativo ao “mensalão mineiro”. Em ambos os casos, o povo está atento e à espera de Justiça... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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