E me foi perguntado: dois passos em frente, um passo atrás ou um passo em frente e dois para trás? Respondi por responder: dois passos para frente. Aí parei pra pensar... E se eu tivesse acordado num daqueles dias atravessados com a visão de Jean de La Bruère o que responderia? Com toda certeza me indagaria: hei para onde vais com tanta pressa, por que dois passos em frente, não sabes que a vida é curta e aborrecida, passa-se toda ela a desejar e nunca chega-se aonde se quer, o que se faz é passar todo o tempo correndo atrás do futuro, da tal felicidade e da estabilidade econômica e quando são alcançados, começa tudo de novo. Enfim, para o homem, só há três acontecimentos: nascer, viver, morrer. Só que não se lembra do nascer, sofre para morrer e esquece de viver.

Agora, no meu estado normal diria: nem dois passos para frente nem dois para trás, afinal, o meu tempo é agora e sem temor espero os dias que virão, e quanto ao passado não repetiria o poeta Jorge Manrique, que afirmou: “cualquier tiempo pasado fué mejor”.